A adolescência é uma fase muito importante na
vida de uma pessoa. É um período que não pode ser considerado uma mera
transição entre a infância e a fase adulta. É uma etapa onde ocorrem as mais
diversas transformações a nível físico, intelectual, emocional e social. A
adolescência é um processo dinâmico de metamorfose que transforma o ser criança
em um ser adulto.
I.
DEFINIÇÃO DE ADOLESCÊNCIA
A adolescência é um período da vida que se
estende entre a fase da infância e a fase adulta. Ela é um processo dinâmico e
não um estado. É um estágio onde acontece um período radical de transição que
deve ser vivido com naturalidade e intensidade pelo adolescente e um tempo
especial onde os adultos precisam compreendê-lo em suas inquietações.
A adolescência é considerada um fenômeno de
caráter psicológico e social com diferentes particularidades que variam de
acordo com o contexto no qual o adolescente está inserido.
A palavra adolescência deriva do latim ad (a,
para) e olescer (crescer), caracterizando, portanto, o processo dinâmico que o
indivíduo apresenta na sua aptidão de crescer. A adolescência também tem raízes
na palavra adolescer, de onde origina a palavra adoecer. Temos, pois, uma dupla
etimológica: crescer no sentido físico e psíquico e adoecer com as
transformações biológicas e mentais que se sucedem nesta fase da vida.
II.
ETAPAS DA ADOLESCÊNCIA
Ao abordar o tema da adolescência, o autor
José O. Outeiral fala de três etapas que não tem início e fim definidos com
precisão e onde algumas características se confundem e outras não.
1. A
adolescência inicial
Esta fase da adolescência tem o seu início em
torno dos 10 anos estendendo-se até os 14 anos, aproximadamente. A principal
caracterização deste período é a transformação corporal com as devidas
alterações psíquicas.
Normalmente, nas meninas o amadurecimento
ocorre mais cedo do que nos meninos. Esta fase é também denominada de
adolescência puberal, por apresentar o início das mudanças da puberdade com
todas as modificações físicas e psíquicas da adolescência.
Nesta etapa da adolescência, uma
característica é o isolamento e há uma mudança no jeito afetivo do adolescente
ser: ele se torna explosivo, suscetível, mal humorado e dorme muito. Ele se
fecha em seu quarto ou até no banheiro por um vasto período. O adolescente
torna-se monossilábico e a desobediência passa a ser a tônica principal. Além
disso, inicia a desordem, a falta de asseio e a despreocupação de si mesmo.
2. A
adolescência média
A presente etapa vai dos 14 aos 16 ou 17
anos, aproximadamente. Tem como característica principal tudo que está
relacionado com a sexualidade. Relevante também, nesta etapa, é o surgimento da
importância do aspecto grupal. O adolescente centra seu modelo no
relacionamento que ele tem com o seu grupo de colegas e amigos.
3.
Adolescência final
Esta fase da adolescência vai dos 16 ou 17
aos 20 anos. Nesta etapa se estabelecem os novos vínculos com os pais e
acontecem a adaptação ao novo corpo aos processos psíquicos do mundo adulto.
Acontece também o rompimento da psicologia grupal e o adolescente busca uma
maior independência onde ele procura inserir-se na sociedade em que vive.
III.
CRISES NA ADOLESCÊNCIA
O termo “crise” origina do grego “krisis”e
significa ato ou faculdade de distinguir, escolher, decidir ou resolver. O
vocábulo é usado, pois, como parte integrante e positiva no processo de
desenvolvimento do adolescente.
Tanto o menino como a menina que entra na
adolescência inicia uma caminhada onde se dá lentamente o adeus à infância. O
brinquedo, até então algo inseparável, começa a ser deixado de lado. Surge na
memória um tempo que foi passando e que não voltará mais. Começa brotar um
sentimento de perda que ocasiona a crise.
1.
Crise de identidade
A identidade é a consciência que a pessoa tem
de si mesma como alguém que integra o mundo real existente.
A crise de identidade está centrada na
necessidade que o adolescente tem de ser ele mesmo na procura de uma definição
de seu self (“o self é tudo aquilo que sabemos, sentimos, vivenciamos como
parte de nós mesmos. É tudo aquilo que nos conforma e compõe. É o objeto
central do ego”.), para assim romper com sua infância e conseguir se firmar
como pessoa.
A crise de identidade é tida como ponto
central na adolescência. A palavra crise é utilizada por haver uma mudança em
ebulição, um processo de ruptura, de caos, que vai determinar a organização ou
estruturação do indivíduo.
A identidade, na adolescência, se processa
por uma série de identificações: num primeiro estágio, há uma forte
identificação com a mãe, depois com o pai e com os outros membros da família e
por último, há uma identificação com os professores, ídolos, e amigos.
2.
Crise de autoridade
A crise de autoridade, na adolescência, é
algo bastante forte e se caracteriza pelo confronto. Há uma atitude de rebeldia
e muitas vezes até de desrespeito para com o adulto, especialmente para com os
pais e outras pessoas que têm autoridade ou exercem determinada função.
A oposição visa, primeiramente e, sobretudo o
meio familiar: o adolescente, para provar a si mesmo a sua independência,
defende sempre posições contrárias às de seus pais e outros adultos. Ele também
não aceita ser orientado na escolha dos amigos, das leituras, diversões e
posições. O adolescente é um eterno reivindicador.
3.
Crise sexual
A crise sexual é considerada a crise mais
complexa da adolescência. Há, nesta fase, uma reelaboração total do mundo
sexual que transforma a estrutura infantil em uma estrutura adulta.
Em meio a esta fase de transição, o
adolescente se desenvolve lentamente, o que acontece em diversas etapas. Há
inicialmente a maturidade das gônadas e a mudança genital.
A crise sexual se instala a partir das
transformações do corpo, o que exige uma adaptação à nova realidade. De um
momento para outro o corpo do menino e da menina começa a se transformar em um
corpo de homem ou mulher. Tudo isto os torna impacientes e descontentes, pois a
imagem que o adolescente tem de si mesmo não corresponde ao seu ideal estético.
O crescimento desordenado causa desconforto. Braços, pernas, pés e mãos
tornam-se grandes e compridos. Emagrecem e espicham, ultrapassando, muitas
vezes, os pais. O nariz parece ao adolescente pouco estético. Surgem as
espinhas, e o suor passa a exalar um forte cheiro. A voz se modifica e é motivo
para brincadeiras maldosas que irritam o adolescente.
Toda esta insatisfação leva os adolescentes a
crises de desespero, que são ainda mais forte porque, nesta época, o
adolescente tem necessidade de agradar ao sexo oposto.
O adolescente precisa aceitar o seu novo
corpo e viver em paz com ele para alcançar um bom nível de relações com os
outros.
IV.
DIFICULDADES NO CONVÍVIO COM ADOLESCENTES
Vimos até aqui a complexidade pela qual passa
o adolescente em seu estado de metamorfose. A seguir, listaremos alguns
aspectos que, se não observados, irão dificultar nossas relações para com eles
neste período de total transformação pelo qual passam.
1. Não
compreendê-los
Ser compreensivo significa entender e captar
os sentimentos do adolescente; é confiar em sua capacidade para ir adiante, é
respeitar sua liberdade, respeitar sua intimidade, não julgá-lo, aceitá-lo como
ele é, aceitá-lo tal como ele quer chegar a ser; é ver o outro como sujeito.
O adolescente precisa ser compreendido e
aceito em sua maneira de ser e agir. Ele necessita de um ambiente acolhedor que
o proteja e lhe mostre o caminho a ser seguido. O adulto é para o adolescente
um refúgio necessário, mas ao mesmo tempo, alvo de agressão e destruição. É uma
tarefa árdua, mas bela e gratificante, ser este adulto racional e maduro para
um adolescente que está à procura de parâmetros que sirvam de modelo para sua
afirmação como pessoa.
2.
Falta de empatia
No relacionamento humano é fundamental que se
busque a compreensão do que a pessoa está dizendo e sentindo. É o que se chama
de empatia. É sentir o que o outro sente; é ouvir a sua história como se fosse
a minha. É a capacidade de dar-se conta das emoções e das mudanças internas da
pessoa com a qual nos relacionamos. É colocar-se no lugar da pessoa.
Ao nos comunicarmos com o adolescente ou
mesmo com outra pessoa qualquer, é certo que receberemos aquilo que estamos a
lhe oferecer. Se nosso sentimento for de indiferença e apatia, é natural
recebermos algo semelhante em troca.
A empatia requer a aceitação incondicional do
outro: isso quer dizer que o aceito como ele é procurando aceitar todos os
aspectos de sua pessoa: seus gestos, sua forma de falar, sua maneira de enfocar
a vida, sua inteligência, seu corpo e seus atos. Isso faz com que eu não
procure manipulá-lo, mudá-lo e favorece o outro a se expressar livremente e com
confiança.
3. Não
sendo uma presença real
O adolescente percebe quando somos uma presença
irreal, apenas de corpo ou se estamos totalmente com ele, sendo uma presença de
corpo, “alma” e mente. O doar-se fará bem ao adolescente, mas talvez o grande
beneficiado seja o adulto que irá desfrutar do convívio o que de melhor pode
existir: a sinceridade e o amor à vida.
4. Não
entendendo seus sentimentos
Assim como o adulto, o adolescente tem o
direito de vivenciar e expressar o seu sentimento em relação ao mundo e às
pessoas. É importante que o respeitemos, assim como ele é e assim como se
expressa. O adolescente tem o direito de pensar, sentir e agir conforme seu
coração, desde que isto não violente as formas de convivência.
5.
Querer convencer o adolescente a partir de nossos pressupostos
Em nosso relacionamento com o adolescente, é
fundamental que ele perceba que nos encontramos abertos para ouvi-lo e não para
lhe impor nossas verdades. Estamos juntos para que haja uma troca de
experiências e conhecimentos que enriquecerão nossas relações. Em uma relação
nada pode ser imposto. Pode haver um compartilhar de idéias que permitirão uma
troca mútua. O adolescente perceberá que os seus pressupostos têm valor, e não
apenas os do adulto.
6. Não
sendo coerente
A coerência é imprescindível em toda e qualquer
relação. Ser coerente é ter a coragem de ser o que se é, sem disfarces. O
adolescente é especialista em perceber se somos coerentes com aquilo que
falamos e fazemos. O não ser coerente nos tira a credibilidade para termos uma
relação próxima com o adolescente.
7. Não
escutando o adolescente
Escutar é diferente de ouvir. Nós ouvimos
sons, ruídos ou palavras. Nós os ouvimos ainda sem querer quando alguém ou algo
os emite. O escutar supõe uma disposição: é preciso querer escutar. Nós ouvimos
sem querer; no entanto, para escutar é preciso querer fazê-lo.
O adolescente, no contato conosco, deve
perceber que nós o estamos ouvindo de corpo inteiro e isto implica, conforme
Luiz Antônio Ryzewski, em 3 habilidades, chamadas de A.C.A., que descreveremos
a seguir.
a)”A”
de atender
Atender é estar ligado, atento, conectado. É
receber a informação e nos certificar que estamos recebendo exatamente aquilo
que o adolescente nos quer transmitir. É perceber também o sentido oculto das
palavras, gestos e ações.
b)”C”
de compreender
É o momento da interpretação do significado
da mensagem expressa pelo adolescente. Nem sempre uma determinada palavra tem o
mesmo significado para todas as pessoas. Deve ficar claro o que isto significa
na linguagem usada pelo adolescente. A compreensão correta se dá se nos
colocarmos no seu lugar.
c)”A”
de avaliar
É quando refletimos sobre o que nos foi
informado e a partir da avaliação vamos definir nossa reação frente a uma
determinada situação. Devemos avaliar, não a partir dos nossos preconceitos,
mas a partir do adolescente. Isto não significa concordar sempre com ele, mas
respeitar sua opinião, dando a nossa, colocando argumentos prós e contra.
V. O
PROCESSO DE ENSINO
Lei do efeito: Importância do conteúdo
aprendido
Lei do exercício: Reforço, atividade adaptado
ao conteúdo
Lei das atitudes: Provocar reação e
posicionamento no aluno
Lei da atividade seletiva: Retenção do
significativo
Lei da analogia: Comparação com outras
situações e experiências
VI. O
PROCESSO DA APRENDIZAGEM
1. Objetivos de ensino
Gerais
Específicos
2. Plano de Ensino
Conhecendo a realidade
Elaborando o plano
Executando o plano
Avaliando e aperfeiçoando o plano.
VII.
COMO DEVE SER O PROFESSOR
1. Como Jesus ensinava
2. Requisitos básicos para ser professor
Preparo Intelectual
Preparo Emocional
Preparo Espiritual
Preparo Interpessoal
BIBLIOGRAFIA
LOPES, Jamiel de Oliveira, Aprendendo a lidar
com o adolescente: um manual prático para líderes e professores da Escola
Bíblica Dominical, Editora Candela, São Paulo, 1997.
BURKHALTER, Fank E. – Tradução de Lauro
Bretones, Junta de Educação Religiosa e Publicações, Rio de Janeiro, 1996.
LAMBDIN, Ina S., A Arte de Ensinar
Adolescentes, Editora Junta e Educação Religiosa e Publicações, Rio de Janeiro,
1986.
FORD, Leroy, Ensino Dinâmico e Criativo,
Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1990.
LACERDA, Catarina Augusta Pasin, LACERDA,
Milton Paulo de. Em busca da transcendência. In: Adolescência: Problema, Mito
ou Desafio? Petrópolis: Vozes, 1998. P. 113-125.
OUTEIRAL, José º Adolescer: Estudos sobre
Adolescência. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
Pr:
Eliezer Morais
www.escoladominical.com.br
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