domingo, 25 de novembro de 2012

O ENSINO RELEVANTE PARA ADOLESCENTES


A adolescência é uma fase muito importante na vida de uma pessoa. É um período que não pode ser considerado uma mera transição entre a infância e a fase adulta. É uma etapa onde ocorrem as mais diversas transformações a nível físico, intelectual, emocional e social. A adolescência é um processo dinâmico de metamorfose que transforma o ser criança em um ser adulto.

I. DEFINIÇÃO DE ADOLESCÊNCIA

A adolescência é um período da vida que se estende entre a fase da infância e a fase adulta. Ela é um processo dinâmico e não um estado. É um estágio onde acontece um período radical de transição que deve ser vivido com naturalidade e intensidade pelo adolescente e um tempo especial onde os adultos precisam compreendê-lo em suas inquietações.

A adolescência é considerada um fenômeno de caráter psicológico e social com diferentes particularidades que variam de acordo com o contexto no qual o adolescente está inserido.

A palavra adolescência deriva do latim ad (a, para) e olescer (crescer), caracterizando, portanto, o processo dinâmico que o indivíduo apresenta na sua aptidão de crescer. A adolescência também tem raízes na palavra adolescer, de onde origina a palavra adoecer. Temos, pois, uma dupla etimológica: crescer no sentido físico e psíquico e adoecer com as transformações biológicas e mentais que se sucedem nesta fase da vida.

II. ETAPAS DA ADOLESCÊNCIA

Ao abordar o tema da adolescência, o autor José O. Outeiral fala de três etapas que não tem início e fim definidos com precisão e onde algumas características se confundem e outras não.

1. A adolescência inicial

Esta fase da adolescência tem o seu início em torno dos 10 anos estendendo-se até os 14 anos, aproximadamente. A principal caracterização deste período é a transformação corporal com as devidas alterações psíquicas.

Normalmente, nas meninas o amadurecimento ocorre mais cedo do que nos meninos. Esta fase é também denominada de adolescência puberal, por apresentar o início das mudanças da puberdade com todas as modificações físicas e psíquicas da adolescência.

Nesta etapa da adolescência, uma característica é o isolamento e há uma mudança no jeito afetivo do adolescente ser: ele se torna explosivo, suscetível, mal humorado e dorme muito. Ele se fecha em seu quarto ou até no banheiro por um vasto período. O adolescente torna-se monossilábico e a desobediência passa a ser a tônica principal. Além disso, inicia a desordem, a falta de asseio e a despreocupação de si mesmo.

2. A adolescência média

A presente etapa vai dos 14 aos 16 ou 17 anos, aproximadamente. Tem como característica principal tudo que está relacionado com a sexualidade. Relevante também, nesta etapa, é o surgimento da importância do aspecto grupal. O adolescente centra seu modelo no relacionamento que ele tem com o seu grupo de colegas e amigos.


3. Adolescência final

Esta fase da adolescência vai dos 16 ou 17 aos 20 anos. Nesta etapa se estabelecem os novos vínculos com os pais e acontecem a adaptação ao novo corpo aos processos psíquicos do mundo adulto. Acontece também o rompimento da psicologia grupal e o adolescente busca uma maior independência onde ele procura inserir-se na sociedade em que vive.

III. CRISES NA ADOLESCÊNCIA

O termo “crise” origina do grego “krisis”e significa ato ou faculdade de distinguir, escolher, decidir ou resolver. O vocábulo é usado, pois, como parte integrante e positiva no processo de desenvolvimento do adolescente.

Tanto o menino como a menina que entra na adolescência inicia uma caminhada onde se dá lentamente o adeus à infância. O brinquedo, até então algo inseparável, começa a ser deixado de lado. Surge na memória um tempo que foi passando e que não voltará mais. Começa brotar um sentimento de perda que ocasiona a crise.

1. Crise de identidade

A identidade é a consciência que a pessoa tem de si mesma como alguém que integra o mundo real existente.

A crise de identidade está centrada na necessidade que o adolescente tem de ser ele mesmo na procura de uma definição de seu self (“o self é tudo aquilo que sabemos, sentimos, vivenciamos como parte de nós mesmos. É tudo aquilo que nos conforma e compõe. É o objeto central do ego”.), para assim romper com sua infância e conseguir se firmar como pessoa.

A crise de identidade é tida como ponto central na adolescência. A palavra crise é utilizada por haver uma mudança em ebulição, um processo de ruptura, de caos, que vai determinar a organização ou estruturação do indivíduo.

A identidade, na adolescência, se processa por uma série de identificações: num primeiro estágio, há uma forte identificação com a mãe, depois com o pai e com os outros membros da família e por último, há uma identificação com os professores, ídolos, e amigos.

2. Crise de autoridade

A crise de autoridade, na adolescência, é algo bastante forte e se caracteriza pelo confronto. Há uma atitude de rebeldia e muitas vezes até de desrespeito para com o adulto, especialmente para com os pais e outras pessoas que têm autoridade ou exercem determinada função.

A oposição visa, primeiramente e, sobretudo o meio familiar: o adolescente, para provar a si mesmo a sua independência, defende sempre posições contrárias às de seus pais e outros adultos. Ele também não aceita ser orientado na escolha dos amigos, das leituras, diversões e posições. O adolescente é um eterno reivindicador.

3. Crise sexual

A crise sexual é considerada a crise mais complexa da adolescência. Há, nesta fase, uma reelaboração total do mundo sexual que transforma a estrutura infantil em uma estrutura adulta.

Em meio a esta fase de transição, o adolescente se desenvolve lentamente, o que acontece em diversas etapas. Há inicialmente a maturidade das gônadas e a mudança genital.

A crise sexual se instala a partir das transformações do corpo, o que exige uma adaptação à nova realidade. De um momento para outro o corpo do menino e da menina começa a se transformar em um corpo de homem ou mulher. Tudo isto os torna impacientes e descontentes, pois a imagem que o adolescente tem de si mesmo não corresponde ao seu ideal estético. O crescimento desordenado causa desconforto. Braços, pernas, pés e mãos tornam-se grandes e compridos. Emagrecem e espicham, ultrapassando, muitas vezes, os pais. O nariz parece ao adolescente pouco estético. Surgem as espinhas, e o suor passa a exalar um forte cheiro. A voz se modifica e é motivo para brincadeiras maldosas que irritam o adolescente.

Toda esta insatisfação leva os adolescentes a crises de desespero, que são ainda mais forte porque, nesta época, o adolescente tem necessidade de agradar ao sexo oposto.
O adolescente precisa aceitar o seu novo corpo e viver em paz com ele para alcançar um bom nível de relações com os outros.

IV. DIFICULDADES NO CONVÍVIO COM ADOLESCENTES

Vimos até aqui a complexidade pela qual passa o adolescente em seu estado de metamorfose. A seguir, listaremos alguns aspectos que, se não observados, irão dificultar nossas relações para com eles neste período de total transformação pelo qual passam.

1. Não compreendê-los

Ser compreensivo significa entender e captar os sentimentos do adolescente; é confiar em sua capacidade para ir adiante, é respeitar sua liberdade, respeitar sua intimidade, não julgá-lo, aceitá-lo como ele é, aceitá-lo tal como ele quer chegar a ser; é ver o outro como sujeito.

O adolescente precisa ser compreendido e aceito em sua maneira de ser e agir. Ele necessita de um ambiente acolhedor que o proteja e lhe mostre o caminho a ser seguido. O adulto é para o adolescente um refúgio necessário, mas ao mesmo tempo, alvo de agressão e destruição. É uma tarefa árdua, mas bela e gratificante, ser este adulto racional e maduro para um adolescente que está à procura de parâmetros que sirvam de modelo para sua afirmação como pessoa.

2. Falta de empatia

No relacionamento humano é fundamental que se busque a compreensão do que a pessoa está dizendo e sentindo. É o que se chama de empatia. É sentir o que o outro sente; é ouvir a sua história como se fosse a minha. É a capacidade de dar-se conta das emoções e das mudanças internas da pessoa com a qual nos relacionamos. É colocar-se no lugar da pessoa.

Ao nos comunicarmos com o adolescente ou mesmo com outra pessoa qualquer, é certo que receberemos aquilo que estamos a lhe oferecer. Se nosso sentimento for de indiferença e apatia, é natural recebermos algo semelhante em troca.

A empatia requer a aceitação incondicional do outro: isso quer dizer que o aceito como ele é procurando aceitar todos os aspectos de sua pessoa: seus gestos, sua forma de falar, sua maneira de enfocar a vida, sua inteligência, seu corpo e seus atos. Isso faz com que eu não procure manipulá-lo, mudá-lo e favorece o outro a se expressar livremente e com confiança.

3. Não sendo uma presença real

O adolescente percebe quando somos uma presença irreal, apenas de corpo ou se estamos totalmente com ele, sendo uma presença de corpo, “alma” e mente. O doar-se fará bem ao adolescente, mas talvez o grande beneficiado seja o adulto que irá desfrutar do convívio o que de melhor pode existir: a sinceridade e o amor à vida.

4. Não entendendo seus sentimentos

Assim como o adulto, o adolescente tem o direito de vivenciar e expressar o seu sentimento em relação ao mundo e às pessoas. É importante que o respeitemos, assim como ele é e assim como se expressa. O adolescente tem o direito de pensar, sentir e agir conforme seu coração, desde que isto não violente as formas de convivência.

5. Querer convencer o adolescente a partir de nossos pressupostos

Em nosso relacionamento com o adolescente, é fundamental que ele perceba que nos encontramos abertos para ouvi-lo e não para lhe impor nossas verdades. Estamos juntos para que haja uma troca de experiências e conhecimentos que enriquecerão nossas relações. Em uma relação nada pode ser imposto. Pode haver um compartilhar de idéias que permitirão uma troca mútua. O adolescente perceberá que os seus pressupostos têm valor, e não apenas os do adulto.

6. Não sendo coerente

A coerência é imprescindível em toda e qualquer relação. Ser coerente é ter a coragem de ser o que se é, sem disfarces. O adolescente é especialista em perceber se somos coerentes com aquilo que falamos e fazemos. O não ser coerente nos tira a credibilidade para termos uma relação próxima com o adolescente.

7. Não escutando o adolescente

Escutar é diferente de ouvir. Nós ouvimos sons, ruídos ou palavras. Nós os ouvimos ainda sem querer quando alguém ou algo os emite. O escutar supõe uma disposição: é preciso querer escutar. Nós ouvimos sem querer; no entanto, para escutar é preciso querer fazê-lo.

O adolescente, no contato conosco, deve perceber que nós o estamos ouvindo de corpo inteiro e isto implica, conforme Luiz Antônio Ryzewski, em 3 habilidades, chamadas de A.C.A., que descreveremos a seguir.

a)”A” de atender

Atender é estar ligado, atento, conectado. É receber a informação e nos certificar que estamos recebendo exatamente aquilo que o adolescente nos quer transmitir. É perceber também o sentido oculto das palavras, gestos e ações.

b)”C” de compreender

É o momento da interpretação do significado da mensagem expressa pelo adolescente. Nem sempre uma determinada palavra tem o mesmo significado para todas as pessoas. Deve ficar claro o que isto significa na linguagem usada pelo adolescente. A compreensão correta se dá se nos colocarmos no seu lugar.

c)”A” de avaliar

É quando refletimos sobre o que nos foi informado e a partir da avaliação vamos definir nossa reação frente a uma determinada situação. Devemos avaliar, não a partir dos nossos preconceitos, mas a partir do adolescente. Isto não significa concordar sempre com ele, mas respeitar sua opinião, dando a nossa, colocando argumentos prós e contra.

V. O PROCESSO DE ENSINO

Lei do efeito: Importância do conteúdo aprendido

Lei do exercício: Reforço, atividade adaptado ao conteúdo

Lei das atitudes: Provocar reação e posicionamento no aluno

Lei da atividade seletiva: Retenção do significativo

Lei da analogia: Comparação com outras situações e experiências

VI. O PROCESSO DA APRENDIZAGEM

1. Objetivos de ensino

Gerais

Específicos

2. Plano de Ensino

Conhecendo a realidade

Elaborando o plano

Executando o plano

Avaliando e aperfeiçoando o plano.

VII. COMO DEVE SER O PROFESSOR

1. Como Jesus ensinava

2. Requisitos básicos para ser professor

Preparo Intelectual

Preparo Emocional

Preparo Espiritual

Preparo Interpessoal

BIBLIOGRAFIA

LOPES, Jamiel de Oliveira, Aprendendo a lidar com o adolescente: um manual prático para líderes e professores da Escola Bíblica Dominical, Editora Candela, São Paulo, 1997.

BURKHALTER, Fank E. – Tradução de Lauro Bretones, Junta de Educação Religiosa e Publicações, Rio de Janeiro, 1996.

LAMBDIN, Ina S., A Arte de Ensinar Adolescentes, Editora Junta e Educação Religiosa e Publicações, Rio de Janeiro, 1986.

FORD, Leroy, Ensino Dinâmico e Criativo, Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1990.

LACERDA, Catarina Augusta Pasin, LACERDA, Milton Paulo de. Em busca da transcendência. In: Adolescência: Problema, Mito ou Desafio? Petrópolis: Vozes, 1998. P. 113-125.

OUTEIRAL, José º Adolescer: Estudos sobre Adolescência. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

Pr: Eliezer Morais
www.escoladominical.com.br

CARACTERÍSTICAS DE UM BOM PROFESSOR


As características do professor estão muito ligadas à sua personalidade e ao seu caráter.

São elas:

1. Conhece profundamente a matéria a ser ensinada.

2. Prepara cada aula de forma específica, identificando claramente o objetivo de cada lição e aula.

3. Explica aos alunos o objetivo da lição.

4. Explica o motivo da tarefa a ser realizada.

5. Cria um ambiente agradável para o aprendizado.

6. Gosta de trabalhar com os alunos.

7. Dá instruções claras e é bem organizado.

8. Apresenta o conteúdo da matéria com modelos ou exemplos.

9. Mantém-se dentro dos limites do objetivo.

10. Exige muito dos alunos, treina-os para que sejam responsáveis quanto ao estudo.

11. Atua de maneira constante.

12. É dedicado e responsável, exige muito de si mesmo.

13. É criativo, versátil na maneira de ensinar, possui novas idéias e novos materiais.

14. É entusiasta e enérgico, porém aceita idéias dos alunos.

15. Notifica o aluno quanto ao seu aproveitamento.

16. É flexível, está sempre disposto a dar e receber (aconselhar e escutar).

17. Provê oportunidades de aprendizagem para os alunos atrasados ou avançados sem causar embaraços, isto é, adapta o ensino segundo as necessidades individuais dos alunos.

18. Estimula a sala de aula para que haja respeito mútuo e cooperação (lições e pesquisas em grupo).

19. Trata os alunos como indivíduos.

20. Respeita as opiniões dos alunos, reagindo sempre de maneira construtiva.

 21. Encoraja os alunos a melhorar e ter um bom conceito de si mesmos.

22. Tem senso de humor, expressa seus sentimentos e atitudes.

23. Tem um relacionamento amigável com os alunos, mantendo a disciplina.

24. Coopera com os outros professores.

25. Veste-se de forma adequada.

26. Usa métodos de ensino comprovados.

27. Continua seu desenvolvimento profissional.

28. Conhece a vida pessoal dos alunos.

29. Importa-se em conhecer a comunidade e os recursos locais.

Várias pesquisas indicam cinco pontos essenciais que descrevem um bom professor. São eles:

1) Conhecer bem a matéria.

2) Tratar os alunos como indivíduos e ser amigável.

3) Ser criativo, entusiasta e inovador no preparo das aulas.

4) Ser exigente e manter a disciplina.

5) Manter-se dentro dos limites do objetivo.

CARACTERÍSTICAS DOS ALUNOS DESSES PROFESSORES

1. Demonstram conhecimento da aula.

2. Têm uma atitude amigável uns para com os outros e para com o professor.

3. São responsáveis quanto ao aprendizado.

 4. Respeitam o currículo e a escola.

5. Aprendem conceitos, habilidades e atitudes conforme o currículo, segundo os resultados dos testes correspondentes.

6. Demonstram um comportamento que indica uma atitude positiva para com os outros alunos e para consigo mesmos.

7. Geralmente não existe nenhum problema de comportamento em sala de aula.

8. Aprendem muito mais e melhor.
(DER)

SER LÍDER É SER EXEMPLO



O exercício da liderança cristã impõe uma consciência ética. Edgar Morin fala de uma autoética, que gera a responsabilidade de si para si, ou seja, a consciência ética interior do indivíduo, que não está subordinada a qualquer princípio exterior, mas a sua própria interioridade. Essa autoética inclui uma autovigilância que Morin chama de autocrítica.

O líder cristão deve submeter suas próprias intenções, decisões e ações a uma autoavaliação para não se desviar do alvo implícito na sua própria vocação para a liderança. Sem essa vigília permanente de autoética o líder perde sua própria liberdade, torna-se servo das circunstâncias e ao invés de liderar, passa a ser dominado pelos fatos que deveria conduzir, perdendo a autoridade de líder. Se o líder não tiver confiança na sua própria vontade, será impossível para ele levar cada liderado a ter vontade de realizar sua parte no trabalho.

Paulo tinha essa percepção ao dizer: “E todo aquele que luta, exerce domínio próprio em todas as coisas [...], pois eu assim corro, não como indeciso, assim combato, não como batendo no ar, antes subjugo o meu corpo e o reduzo à submissão para que, depois de pregar aos outros, eu mesmo não venha a ficar reprovado” (1 Co 9.25-27). A responsabilidade do líder cristão de si para si tem como aferidor a voz do Espírito que lhe fala através da Palavra.

Além de manter em vigília sua autocrítica, o líder cristão deve receber e avaliar com humildade as críticas de fora, sem o que ele se torna um ditador ao invés de ser apenas o ajudador, o conselheiro dos seus liderados. O líder cristão deve entender que tem a missão de liderar sem jamais se esquecer de que cada liderado tem também a sua missão a cumprir e a função do líder é capacita-lo e ajuda-lo a se tornar feliz por bem cumprir a sua parte.

Manda a ética da liderança cristã que o líder não exija dos liderados mais do que está disposto a exigir de si mesmo. É muito ilustrativa a atitude de Abimeleque, que encontramos em Juízes 9.48. “Então Abimeleque subiu ao monte Zalmon, ele e todo o povo que com ele estava; e tomando na mão um machado, cortou um ramo de árvore, e levantando-o, pô-lo ao seu ombro e disse ao povo que estava com ele: o que me vistes fazer, apressai-vos a fazê-lo também”. O povo seguiu o exemplo do seu líder e a vitória foi conquistada. Os liderados não seguem o discurso do líder, mas a vida que ele vive.

Ele é o exemplo e aqui começa a ética da liderança. Se o professor da classe for pontual, os alunos serão pontuais. Se o líder for liberal em suas ofertas, os liderados serão também liberais. O líder não pode esperar que seus liderados se dediquem à oração e à leitura da Bíblia, se ele mesmo não o faz. O líder pode apelar para que seus liderados evangelizem, façam discipulado, pode até treiná-los, mas se ele mesmo não evangeliza, não tem como esperar que os liderados o façam.

Doze princípios de ética para a liderança cristã

Vamos colocar em ordem alguns princípios éticos da liderança. O líder cristão:

1. Delega responsabilidades. Como fez Moisés seguindo o conselho de seu sogro Jetro (Êx 18.19-22). Isso significa: a) instruir os liderados com clareza e objetividade sobre a tarefa de cada um (versículo 20); b) acompanhar o trabalho dos liderados; c) cobrar resultados, não com severidade de “chefe”, mas com a docilidade de companheiro; d) assessorar e orientar cada liderado na execução da sua tarefa pessoal.

2. Multiplica a glória do sucesso. (Rm 13.7). Ele não busca sua própria glória, mas reconhece o mérito do trabalho de cada liderado e multiplica a glória por todos.

3. Divide as atenções por igual. (Tg 2.9). O líder cristão não mantém preferências entre os seus liderados, mas trata a todos com igual cuidado. Primeiro, porque é comum liderados quererem uma atenção diferenciada para suprir sua vaidade ou para tirar proveito pessoal. Quem se coloca mais perto do poder tira mais proveito do poder. Segundo, ao eleger preferidos no grupo de liderados, o líder passa a ter uma visão distorcida da sua liderança e o seu relacionamento com o grupo fica prejudicado.

4. Identifica-se com os liderados. (2 Co 11.29). Não se sente magoado nem agredido pelo sucesso de qualquer um dos seus liderados, mas se alegra com as vitórias deles, reconhece-as e usa-as como estímulo a todos os demais. A “sombra” de um liderado não amedronta o líder que tem consciência do seu próprio valor.

5. Promove a união entre os liderados. (1 Co 1.10). Não fomenta a formação de grupos ou facções. “Dividir para governar” não faz parte da sua estratégia de liderança porque o sentimento que o domina é o amor e o amor nunca divide, mas soma.

6. Mantém uma compostura de humildade. (Fp 2.3). Jamais demonstra uma atitude de soberba, de “nariz empinado” por causa da posição que ocupa, mas tem sempre em mente que, na função de liderança, é apenas o servo que recebeu a missão de liderar.

7. Divide a culpa pelo fracasso. (Gl 6.2). O líder cristão não acusa seus liderados pelo insucesso de qualquer fase da missão, mas assume sempre sua parte na culpa dos erros cometidos. “Se eu fosse melhor líder, não haveria erros”, é o que ele pensa.

8. Aprimora-se cada vez mais. (2 Tm 2.1,2). Não se preocupa apenas em aprimorar os seus liderados para o bom desempenho da missão de cada um, mas a si mesmo procura aperfeiçoar-se nas qualidades da sua liderança.

9. Transforma as críticas em desafios. (2 Co 10.10-16). Sabe que não está isento a críticas, que podem ser dirigidas a sua própria liderança ou a um dos seus liderados. Sua atitude deve ser: ouvir as críticas com humildade, avaliá-las com isenção de ânimo, não considerá-las como ofensas e não quedar-se amargurado, irado, mas transformar as críticas em desafios para maior crescimento espiritual e melhor desempenho da sua missão, começando por orar em favor de quem fez a crítica.

10. Conhece os liderados. (1 Tm 5.1-3). O líder cristão procura conhecer os seus liderados, e ajudá-los a progredir cada um conforme as peculiaridades da sua personalidade. Embora os liderados tenham uma missão em comum, cada um deles é um indivíduo diferente de todos os demais e assim deve ser tratado pelo líder.

11. Respeita seus liderados. (1 Tm 4.12). É um exemplo em tudo. Preocupa-se em jamais faltar a um compromisso com seus liderados, a não ser por motivo de força maior, do que lhes dará pronto conhecimento. Jamais comparece a qualquer compromisso depois do horário combinado.

12. Ama seus liderados, seguindo o exemplo do Mestre (Jo 13.1). A autoridade sem amor degenera-se em autoritarismo. Os liderados não devem obedecer ao seu líder por medo, mas por amor (1 Jo 4.18).

Pr. João Falcão Sobrinho, RJ 
http://www.ufmbb.org

O CRESCIMENTO DOS EVANGÉLICOS E A NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA



Os evangélicos ganharam maior representatividade na população brasileira, conforme comprovam os estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma vez que tem crescido o número de membros nas igrejas. Por conta desse crescimento faz-se necessário investir na educação dos novos crentes através da Educação Religiosa Bíblica para que possam viver com parâmetros cristãos de conduta.

Vejamos uma definição de Educação Religiosa:

A Educação Religiosa é o ministério docente da igreja, sob a égide do Espírito Santo, compreendendo o relacionamento de Mestre e discípulo, entre Jesus Cristo e o crente. A palavra de Deus é o conteúdo essencial e fundamental nesse processo e no programa de aprendizagem cristã. (DECLARAÇÃO DOUTRINÁRIA DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA)

O crescimento dos evangélicos brasileiros

O segmento evangélico subiu sua influência de 2,6%, no Censo Demográfico de 1940, para 15,4%, no ano de 2000. O Rio de Janeiro e Rondônia tornaram-se os estados menos católicos do Brasil. O aumento dos evangélicos ocorreu em todas as regiões do país no período, com destaque para as regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste.

As regiões Sul e Nordeste apresentaram menor crescimento. Entretanto, os procedimentos éticos e morais dos que se dizem evangélicos no Brasil, muitas vezes, estão maculados, conforme constantemente divulgam os meios de comunicação escritos e televisivos. Existem evangélicos que dão péssimos testemunhos.

Em diversas partes do Brasil, por mais de três décadas como Oficial do Exército Brasileiro percebi que falta conteúdo bíblico nos recrutas evangélicos em Serviço Militar. À semelhança do tempo do profeta Isaías, “mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende” (Is 1. 3).

A necessidade da Educação Religiosa na igreja.

A Igreja possui a missão principal de ir, fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar todas as coisas que Jesus mandou (Mt 28.19,20). Em muitos casos as pessoas passam a freqüentar as igrejas, mas não recebem um ensino adequado da Palavra de Deus. Falta, portanto, a Educação Religiosa nessas comunidades cristãs.

O estudo das tendências atuais do pensamento educacional é importante para a melhoria da Educação Religiosa. A Palavra de Deus, no entanto, deve ser o conteúdo essencial e fundamental nesse processo e no programa de aprendizagem cristã. Algumas novas metodologias para o crescimento da igreja estão ensinando que se deve acabar, por exemplo, com a Escola Bíblica Dominical (EBD), que tem sido substituída por cursos de discipulados e Escola Bíblica Avançada – voltada para conhecimentos históricos, culturais, políticos e outros. Ou seja, a EBD seria apenas um “canal de discipulado”. Entendo que esses assuntos de discipulado e diversos poderiam ser ensinados em classes alternativas e temporárias da EBD para os que participam dela. Mas nunca em substituição ao ensino da Bíblia na Escola.

A EBD funciona normalmente pela manhã, com o estudo da Bíblia de forma contínua, num currículo que analisa toda a Palavra de Deus, normalmente, em sete anos. Isso recorda a Bíblia quando ensina que: “Também Moisés lhes deu ordem, dizendo: Ao fim de cada sete anos, no tempo determinado do ano da remissão, na festa dos tabernáculos, quando todo o Israel vier a comparecer perante ao Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher, lereis esta lei diante de todo o Israel, para todos ouvirem” (Dt 31. 10,11).

As sociedades missionárias e as uniões de treinamento também são importantes para a Educação Religiosa nas igrejas. Isso ocorre porque o trabalho em grupo é uma importante técnica de ensino. Essas uniões possibilitam o emprego desse processo de ensinoaprendizagem na Educação Cristã, pois dividem a igreja local por faixa etária (crianças, juniores, adolescentes, jovens e adultos). Funcionam geralmente antes do culto da noite, e realizam-se estudos temáticos para o crescimento cristão no evangelismo, no louvor e em outras áreas.

A comunhão entre os irmãos é outra relevante contribuição prestada pelas sociedades missionárias e pelas uniões. Como todo ser humano é um ser social, a nossa alma é alimentada pela saudável convivência cristã. Isso incentiva a fé em Deus (Sl 133 e Ef 4.1-16). As principais doutrinas bíblicas são estudadas e praticadas de forma temática nesse modelo de Educação Religiosa. Isso ocorre com ensinamentos importantes do Novo Testamento para a igreja, a saber: “a autonomia da igreja local”, “o governo congregacional” e “o sacerdócio universal dos crentes”.

A Educação Religiosa também possibilita o treinamento de novos líderes para a obra de Deus. Muitos dos pregadores e palestrantes de renome do meio evangélico brasileiro iniciaram e foram treinados nesse modelo educacional cristão. Assim, a Educação Religiosa é a que ocorre no processo de ensino-aprendizagem das próprias igrejas, com o emprego dos seus templos para a educação das comunidades locais (REGA, 2004).

A necessidade da Educação Religiosa na família

A sociedade brasileira possui alguns novos modelos de organização familiar que não favorecem a transmissão dos ensinamentos éticos e morais para a formação dos filhos. Isso exige uma nova forma de relacionamento da Igreja com a comunidade.Novas demandas, exigências e contradições entre valores foram se impondo para a Educação Religiosa nos últimos anos.

Por isso a família possui uma grande responsabilidade no ensino da Bíblia. O preceito divino afirma: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te” (Dt 6. 6,7). As famílias evangélicas devem ser incentivadas para a realização dos cultos domésticos. Os pais devem colocar à disposição dos seus filhos revistas, CDs, DVDs e vídeos bíblicos.

Existe um farto material escrito e musical para os evangélicos do Brasil. Todas as oportunidades devem ser aproveitadas para o aprendizado dos ensinos bíblicos. O livro de Salmos ensina que o servo de Deus bem-aventurado “antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite” (Sl 1. 1,2).

Considerações Finais

Um dos objetivos da igreja e da família deve ser a construção de uma Educação Religiosa que expresse uma forma teórica ampla, a fim de reunir as várias tendências atuais do pensamento educacional, dentro de um conteúdo com fundamento no processo ensino-aprendizagem da Bíblia.

Os mestres e pais evangélicos precisam complementar o sistema educacional eclesiástico que ainda emprega métodos particulares de transmissão, baseados em fazer, repetir, recitar, aprender e ensinar o que já está pronto. Além disso, devem acrescentar o vivenciar da Palavra de Deus, por intermédio do fazer, agir, operar, criar, construir a partir da realidade vivida por alunos, professores, família e igreja no cotidiano da comunidade.

O Novo Testamento indica que a Bíblia deve ser ensinada e segundo orientação do apóstolo Paulo: “Depois que for lida esta carta entre vós, fazei que o seja também na igreja dos laodicenses; e a de Laodicéia lede-a vós também” (Cl 4.16). 

A Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro (PIBRJ) possui um estruturado Ministério de Educação Cristã (MEC). Nos seus cento e vinte e quatro anos de existência é uma Educação Religiosa que serve de referência para os evangélicos.

Referências bibliográficas

CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA. Declaração doutrinária. Disponível em < http:// www.batistas.org.br/ > Acesso em: 22/02/2008.

MORIN, Edgard. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Editora Cortez, 2006.

MOLOCHENCO, Madalena de Oliveira. Curso vida nova de teologia básica: Educação Cristã. Vol. 8. São Paulo: Vida Nova, 2007.

NOGUEIRA, Maria Alice; ROMANELLI, GERALDO; ZAGO, Nadir (Orgs.). Família e escola:trajetórias de escolarização em camadas médias e populares. Petrópolis: Vozes,2000.

PRIMEIRA IGREJA BATISTA DO RIO DE JANEIRO (PIBRJ). Atividades. Ministério de Educação Cristã (MEC). Disponível em <http://www.pibrj.org.br> Acesso em: 21/02/2008.
REGA, Lourenço Stelio. Educação Religiosa: uma reflexão para os dias atuais. Palestra realizada no 1ª Conferência sobre Educação Cristã da Convenção Batista Mineira (2 e 3 de abril de 2004).

SPITZ, Clarice. Católicos perdem espaço e evangélicos crescem entre 1940 e 2000, diz IBGE. Artigo Publicado na Folha de São Paulo On Line, em 25/05/2007. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u135789.shtml > Acesso em: 21/02/2008.


Djalma Alves Cabral Filho, RJ
Coronel do Exército, Graduado pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), Especialista em Educação (UFRJ), Mestrando em Ministérios (S. T. Betel-RJ) e Doutor em Ciências Militares (ECEME). Membro da PIBRJ.
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