Ao longo do século 20
o Brasil nos foi apresentado como o país do futuro. O sonho veio do século
anterior por influência do ideal protestante. E tudo aconteceria pela educação,
razão pela qual os protestantes, ao instalarem igrejas, anexavam-lhe escolas
Os donos do poder
também acreditavam na educação, mas só para os seus filhos. No governo, pouco
se interessaram pela educação pública de qualidade, conquanto ocupasse a capa
dos programas e discursos desses senhores, temerosos que a instrução
generalizada descoronelizasse a clientela.
Quando Darcy Ribeiro
propôs a escola tempo integral, a utopia não foi levada adiante. Quando
provocativamente ele sugeriu que não se gastasse dinheiro com a alfabetização
de adultos, mas se investisse amplamente nas crianças, foi tido como cruel.
E ainda somos
infelizmente o país do futuro.
Ainda não gastamos
tudo o que devíamos com a educação de crianças e adolescentes que devia ser de
tempo integral. Foi pela educação (sobretudo da matemática) que países outrora
mais pobres que o Brasil emergiram. Até quando nossas meninas e meninas ficarão
quatros horas por dia na sala de aula.
Recentemente, o líder
empresarial brasileiro Benjamin Steinbruch escreveu que o ensino de tempo
integral, com as crianças passando oito horas por dia na escola, deveria ser a
obsessão de todos os governantes brasileiros.
Que tipo de geração
de cidadãos e profissionais formaremos com quatro horas de estudo por dia, às
vezes incluídos o atraso, o recreio e a merenda?
Sem saudosismos, como
estaríamos como nação, se os que já propuseram esta prática tivessem sido
levados a sério? Perdemos o presente, mas não podemos perder o futuro.
Agora que os futuros
candidatos elaboram suas plataformas, eles poderiam colocar a medida nas suas
propostas, inclusive na rede privada. E nós só votaríamos em quem se
comprometesse com essa causa.
Não podemos perder
mais tempo.
Se o ensino de tempo
integral deveria ser uma obsessão de todos os governantes brasileiros, que
dizer do tempo dedicado ao estudo da Bíblia?
Que cristãos queremos
formar com 40 minutos por semana na Escola Dominical?
Pastores e educadores
cristãos deveriam ter como obsessão desenvolver programas, no domingo e durante
a semana, que reunissem as pessoas para estudar, com qualidade, a Bíblia por
mais tempo.
Embora haja outras
variáveis (como bons professores, boas salas e bons equipamentos), o tempo
passado na escola bíblica é essencial.
Também não podemos
perder mais tempo.
Ainda não somos um
país de leitores, a despeito do brado antigo do bardo Castro Alves, de que é
bendito aquele que distribui livros. E é o livro que nos faz livres da
ignorância e da impostura. Até quando leremos tão pouco?
Como forças motrizes
da sociedade brasileira, as igrejas precisam estar vivamente envolvidas no
compromisso com a educação.
Este compromisso está
escrito no seu estatuto original, uma vez que Jesus Cristo chamou os cristãos a
discipular e a ensinar (Mateus 28.19-20). Este compromisso estava inscrito na
prática quotidiana de Jesus Cristo, que buscava o povo para o ensinar, como
Lemos 20 vezes nos Evangelhos (como, por exemplo, em Lucas 3.14). Que é o
Sermão chamado do Monte senão uma aula magna?
Desde sua fundação,
ensinar está na prática dominical dos cristãos, através da leitura e exposição
das letras sagradas. Desde a invenção da escola bíblica por Robert Raiker
estudar desceu do púlpito, mas sem sair de lá.
O progresso moderno
foi semeado pela Bíblia, desde que Lutero a traduziu na língua do povo, língua
que ele ajudou a forjar com sua tradução, e também desde que o rei James mandou
traduzi-la para o inglês.
A missão da igreja é
intrinsecamente pedagógica.
Para que a razão nos
conduza (na clara faixa dos seus limites, para não se tornar despótica e romper
o necessário equilíbrio entre fé e razão), precisamos aprender.
Para aprender,
precisamos ler. E ler é interpretar.
Os pais primeiramente
e os professores (na escola e na igreja) devem estimular seu filhos a ler,
seguindo modelo do apóstolo Paulo,
quando instrui seu filho do coração: "Aplica-te à leitura" (1Timóteo
4.13).
Os mais velhos
precisamos criar uma atmosfera em que o livro esteja presente como algo
necessário e como algo agradável. A leitura é lúdica. Ler é viajar.
Vamos ler?
Vamos continuar
aprendendo?
EM TEMPO -- Jesus
sabia ler e lia (Lucas 4.16-20) num tempo que pouquíssimos o sabiam. Jesus foi
um grande aluno; por isto, sabia tanto o Antigo Testamento da Bíblia.
Israel
Belo de Azevedo
Pastor da Igreja
Batista de Itacuruça, Tijuca, Rio de Janeiro, RJ
Graduado em teologia (STBSB), graduado em Comunicação (UF RJ)g pós-graduado em
História (UFF), Mestre em teologia (STBSB) e Doutor em Teologia (UGF).
(Revista Educador - CBB - 1T12)
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