quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

APRENDER A DESAPRENDER


Vivemos no domínio da aprendizagem. Ensino e aprendizagem estão juntos nas grandes estruturas de educação criadas para o progresso da humanidade. Na família, a gente aprende boas maneiras, valores e princípios. Na escola, a gente aprende a falar corretamente, a usar novas tecnologias, a dominar novos conhecimentos. Na sociedade, aprendemos a respeitar as pessoas, a cumprir normas, a construir a carreira. Na igreja, a gente aprende a doutrina, a cumprir os rituais, a praticar boas ações.

Enfim, a gente se depara com um mundo em grandes transformações que nos exige novas aprendizagens, de tal modo que não dá para se falar apenas numa recepção de informações.

Em um relatório para a Unesco, chegou-se à conclusão acerca dos quatro tipos fundamentais de aprendizagem: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. Eu me lembro, inclusive, do que disse o deão acadêmico à época de minha conclusão do curso de Teologia: “vocês só aprenderam a aprender.”

Diante de tantos saberes e informações, penso que chegou o tempo de também aprender a desaprender. O acúmulo das coisas que aprendemos ao longo da vida e que nos são impostas como exigências acabam, de algum modo, resultando em verdadeiros entulhos que limitam a nossa percepção da riqueza que é a vida. A imposição da máxima especialização do conhecimento produz uma capacidade mínima de descobrir os valores e a beleza que há em muitos aspectos relacionados àquilo que podemos chamar de verdadeiramente humano. Temo até que precisamos de outra estrutura que nos ensine a desaprender.

Principalmente no que diz respeito à fé cristã, há muita coisa a se desaprender. O cristianismo levou séculos produzindo uma quantidade enorme de conhecimentos  profundos e úteis a seu tempo, sem dúvida. Mas que podem limitar a nossa percepção da necessidade das pessoas de nossa geração. Dito de uma maneira mais concreta:

Precisamos urgentemente desaprender a ideia de que temos a capacidade de conhecer tudo, de ser auto-suficiente, como um sujeito autônomo, dotado de vontade e livre, tal como a Modernidade nos ensinou, para aprender a ser mais dependentes de Deus.

Precisamos desaprender a imagem de um Deus paternalista e terrível, como se fosse um vigia sorrateiro, um manipulador de marionetes, alguém pronto a mandar pessoas para o inferno, como nos ensinou a cristandade, para aprender mais sobre a maneira de acolher o cuidado amoroso de Deus por nós.

Precisamos desaprender a ideia de que Jesus foi um Deus disfarçado de homem, que sabia de tudo e que viveu sem sentir a dor humana, para aprender o mistério que envolve a pessoa de Jesus de Nazaré, que, através de sua vida toda realmente humana, revela o Filho enviado pelo Pai, como dom por meio do Espírito Santo, a fim de que possamos viver a nossa vida humana e recebermos a filiação divina.

Precisamos desaprender a ideia de que ser cristão está ligado a acreditar em verdades eternas, compreensíveis logicamente, e a praticar normas e mandamentos, para aprendermos a recuperar a alegria de viver o relacionamento pessoal com Jesus que se dá a partir do meu relacionamento com os irmãos.

Precisamos desaprender a ideia de que a fé se expressa por meio de ações mágicas, de merecimento e de troca, para aprender que ela só faz sentido a partir da expressão da Palavra que se manifesta através da vida em comunhão.
A lista poderia ser enorme, mas essas pequenas indicações já mostram o quanto é urgente aprender a desaprender para nós, cristãos.
Irênio Silveira Chaves
Igreja Batista da Orla, Niterói, RJ
 Pastor, escritor e professor.
Mestre em Filosofia e Doutorando em Teologia.

ENSINANDO A PALAVRA DO PÚLPITO: A Função Pedagógica da Pregação



 INTRODUÇÃO
A pregação está no coração do Cristianismo e está no centro de toda a sua evangelização, doutrina e vida espiritual. Durante séculos a pregação tem sido reconhecida como uma força poderosa na formação das pessoas e até da própria cultura humana.

Toda a pregação deve ser caracterizada por um forte elemento didãtico. Ela deve ensinar e levar os ouvintes ao conhecimento e compreensão da Palavra de Deus e de suas verdades. Ao mesmo tempo ela deve irão encontro das necessidades básicas dos seres humanos neste final de Século XX. Então, deve haver relevância nos sermões, mas sem comprometer ou diluir as doutrinas bíblicas. A pregação pode e deve ter o propósito certo, deve ser profética, pessoal, poderosa, e persuasiva. Enfim, o púlpito exerce uma função pedagógica e deixa a sua marca para o Mestre na vida dos ouvintes.

1. ALGUNS PRINCÍPIOS BÁSICOS

1.1. Não se pode ensinar aquilo que não se tem aprendido

A função pedagógica da pregação deve funcionar no coração e vida do pregador antes que ele verbalize a mensagem para os outros. Ele deve ser aprendiz aos pés de Jesus Cristo antes de tentar educar biblicamente os outros. Antes de encontrar os ouvintes no texto para aplicar as verdades textuais a eles, o pregador deve encontrar a si mesmo no texto, e como o texto afeta e se aplica a ele. E, a aprendizagem é facilitada quando o pregador não apenas compreende o Evangelho, mas também compreende as pessoas com que ele lida.

1.2. Não se pode ensinar aquilo que não pode ser absorvido e aprendido pelo ouvinte.

Às vezes o vocabulário usado pelos pregadores inclui palavras e conceitos que os teólogos entendem, mas, que não são compreensíveis por muitas pessoas. Também, às vezes há várias pessoas no auditório que conhecem muito pouco da Bíblia e dos conceitos cristãos. Nós que temos a incumbência de pregar nunca deve¬mos nos esquecer delas e como al¬cançá-las com as nossas mensagens.

1.3. O ouvinte aprende melhor aquilo que lhe é transmitido quando ele o coloca em prática.      

É necessário que quem prega e ensina dê exemplos concretos e aplicações certas de como as ver¬dades mais importantes que são focalizadas podem ser colocadas em prática no dia a dia do ouvinte. Mas também é preciso lembrar que todos nós aprendemos com maior facilidade quando somos levados a descobrir parte das verdades de Deus por nós mesmos. Através do estudo indutivo da Bíblia e de perguntas feitas aos que ouvem o pregador pode levá-los a um conhecimento mais pleno dos ensinos de Deus.

1.4. As verdades mais profundas de Deus somente podem ser aprendidas com o auxílio e orientação do Espírito Santo. (I Cor. 2:9-14, especialmente o v. 14)

A Bíblia declara que o Espírito de Deus penetra nos corações e vidas das pessoas quando a Palavra é pregada e quando os ouvidos estão prontos para ouvir e obedecer. O pregador não pode mover e transformar os corações. Somente o Espírito Santo pode fazê-lo. Quem prega é apenas um porta-voz, um instrumento nas mãos do Espírito Santo.


2. FERRAMENTAS DA APRENDIZAGEM

2.1. Ensinando a Palavra de Deus através do conteúdo pedagógico a pregação bíblica

A Bíblia não consta apenas de informações a serem consideradas admiradas, mas é Verdade a ser ouvida, obedecida e aplicada. Ninguém deve subestimar a relevância da Bíblia à experiência humana. A pregação baseada na Palavra de Deus e o testemunho de Cristo têm a garantia da cooperação do Espírito Santo para torná-la eficaz na vida do ouvinte. O ensino baseado na exposição cuidadosa de textos bíblicos ajuda na conversão daqueles que não são salvos e no preparo dos crentes, para que sejam verdadeiramente a luz do mundo e o sal da Terra. Quem cumpre seu papel na pregação deve sempre funcionar como quem ensina e instrui, e ao mesmo tempo ele deve preparar seus sermões baseados na dinâmica e vida da mensagem do Evangelho.

2.2. Ensinando a Palavra de Deus através do uso do propósito bem formulado

Cada sermão precisa ter um propósito ou objetivo bem definido. O pregador que não apenas ama os ouvintes, mas, também tem uma capacidade fora do comum para ver as suas necessidades, problemas, virtudes, pecados, dúvidas, e ansie¬dades certamente vai preparar sermões que alcançam os ouvintes com objetividade. E manterá um bom equilíbrio entre sermões que visam uma maior consagração, sermões evangelísticos, sermões éticos e sociais, sermões pastorais e de alento, sermões doutrinários, e sermões devocionais (sobre a oração, adoração, etc). Deve ser pregado um evangelho holístico, completo, que é ade¬quado para o ser humano na totalidade de suas necessidades e de sua personalidade. Assim estaremos pregando "todo o conselho de Deus".

2.3. Ensinando a Palavra de Deus através da apresentação de idéias lógicas

As idéias principais das mensa¬gens pregadas precisam ser importantes, relevantes, e lógicas, de pre¬ferência tiradas do próprio texto que está servindo como base para o sermão. Isso também inclui a apresentação das idéias de forma clara, em ordem lógica. É bom lembrar que os elementos principais de que se constrói um sermão ou estudo bíblico, são: A EXPOSIÇÃO do texto, a ILUSTRAÇÃO que acompanha a exposição e a torna mais clara, e a APLICAÇÃO das idéias expostas à vida dos ouvintes. Se qualquer um destes itens for omitido ou for fraco, isso enfraquecerá a mensagem em sua totalidade.

2.4. Ensinando a Palavra de Deus através do uso direto da Bíblia

O ideal é que cada ouvinte esteja com a Bíblia na mão e que acom¬panhe a mensagem na mesma. Quando a Bíblia é pouco usada durante o culto e a mensagem, há pouco incentivo para os ouvintes trazerem a Bíblia quando saem de casa para um culto. Mas quando o ouvinte acompanha o pregador no estudo dentro de sua própria Bíblia um simples, mas, importante processo de educação é intensificado.

2.5. Ensinando a Palavra de Deus através do uso de objetos visuais

Uma ferramenta preciosa para a aprendizagem é o uso de transparências, cartazes, e outros objetos visuais. Eles ajudam a reforçar o ensino. Porém, qualquer que seja o objeto utilizado em comunicar o Evangelho, ele não deve ser tão proeminente que a atenção seja focalizada nele mais do que no ponto central da mensagem.

2.6. Ensinando a Palavra de Deus através de um bom calendário ou programa de pregações e séries de mensagens bíblicas

Através do planejamento com antecedência é possível escolher os textos a serem pregados para um período de um mês, um trimestre, semestre, ou até um ano, junto com as devidas ênfases. Podem .ser incluídas séries de mensagens bíblicas sobre temas especiais, livros da Bíblia, etc. Exemplos: Séries de mensagens sobre os Dez Mandamentos, o Sermão do Monte, as Igrejas da Ásia (Apocalipse 2 e 3), o Espírito Santo, o Discipulado, Mordomia, Rute, Jonas, Amos, Filipenses, I Pedro, I João, etc. O Espírito Santo trabalha melhor quando nós que pregamos planejamos e estudamos mais. Entende-se que o planejamento é global, mas o preparo dos sermões individualmente se realiza na época em que serão pregados. O teste¬munho de muitos que usam este método é que eles próprios, bem como os ouvintes, são muito abençoados através da pregação de séries de sermões.

2.7. Ensinando a Palavra de Deus através da utilização de parte do programa ou boletim dominical para tomar anotações

Alguns obreiros ensinam seus ouvintes a acompanhar o sermão com caneta e papel na mão, tomando nota das idéias mais importantes. É um bom método pedagógico porque une o olho ao ouvido. Normalmente o ouvinte lembrará mais do sermão quando acompanha o sermão assim. A mente do ouvinte fica menos dividida quando ele está atento e escrevendo as idéias mais importantes que está ouvindo. Alguns pregadores gostam de colocar previamente as idéias mais importantes no programa de culto, às vezes com espaços específicos para serem preenchidos durante a mensagem. Às vezes usa-se o método de perguntas que devem ser respondidas pelo ouvinte, cujas respostas ele vai descobrindo no texto e nas palavras do pregador.

CONCLUSÃO

Quem prega deve manter em mente tanto a oportunidade, como a responsabilidade de fortalecer os programas de Educação Cristã na igreja. Ele é um verdadeiro instrutor. Sermões que reforçam o que se ensina nos outros programas da igreja, como na Escola Bíblica Dominical, contribuem para o crescimento doutrinário e espiritual. Os ouvintes são bem alimentados quando há uma relação saudável entre as mensagens do púlpito que cultivam o desejo para o crescimento espiritual e o que é feito no programa de educação da igreja para implementar aquele mesmo crescimento.

O ministério da pregação e a missão de educação podem e devem estar interligados, sempre visando levar todas as pessoas possíveis a um compromisso sério com Jesus Cristo, que é, Ele próprio, o coração do Evangelho. A tarefa do pregador é levar o povo a ver, compreender e cumprir seu ministério individual dentro do Corpo de Cristo.

A missão de quem prega é comunicar as verdades de Deus, expondo e interpretando o texto, guiando e ensinando, aplicando e persuadindo. Deus disse através de seu profeta, Jeremias: "E vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e inteligência". Que todos aqueles que têm a incumbência de ensinar a Palavra de Deus através da pregação possam usar os elementos de sua personalidade e espiritualidade para ensinar e levar à obediência aqueles que ouvem as suas mensagens. Que possam verbalizar a revelação divina das Escrituras, articular claramente as verdades que são a base da nossa fé, e que possam salientar a aplicação destes ensinos da Palavra de Deus. A proclamação feita assim terá autoridade, abençoará, e levará o Corpo de Cristo a maturidade. Assim os ouvintes viverão as verdades de Deus e serão uma bênção para o nosso mundo!

Jerry Stanley Key
Foi missionário no Brasil por 35 anosl.
Lecionou no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e no
 IBER (Instituto Batista de Educação Religiosa).
Fundou e pastoreou diversas igrejas no Rio de Janeiro, RJ
Escreveu vários livros, destacando-se o famoso José da Silva, Um Pregador Leigo; O Preparo e a Pregação do Sermão, além de ter publicado cerca de 400 artigos em mais de 20 revistas do Brasil e dos Estados Unidos.
Atualmente, reside em Fort Worth - Texas, nos Estados Unidos.
(Revista Educador 2T98)

ESCOLA DE CRISTO E A ESCOLA DOS HOMENS



Hoje, fala-se na educação moderna, discutem-se leis e métodos que poderiam socorrer os "cansados e oprimidos" da escola dos homens, todavia, os especialistas da educação se esqueceram  de estudar e analisar a estrutura e o funcionamento da escola que Jesus propõe à humanidade.

O Serviço de Orientação Educacional tem funcionado, na maioria das escolas, como delegacia de polícia, para onde são encaminhadas crianças com problema; depois, por falta de pedagogia, são transferidas, expulsas, discriminadas, reprovadas e registradas no rol da evasão.

Cristo fez tudo diferente.
Certa vez, o Mestre estava na Galiléia e as crianças, como sempre o rodearam, porém, os discípulos (agentes de disciplina) ficaram preocupados e começaram e levá-las para longe. Só que foram severamente advertidos: "Deixai vir a mim as crianças" (Lc. 18:16).

O conselho de classe  geralmente consiste no encontro periódico do corpo docente para "avaliar" o desempenho dos alunos na aprendizagem. É um julgamento apressado. O aluno é culpado por todo tipo de fracasso. Só ele falhou, só ele mora longe, é mal educado, não se interessou e não aprendeu. Sob a batuta de "especialistas", vem o resultado, ano após ano: reprovação em massa. O réu é condenado e, se algum professor "bonzinho" erguer sua voz em defesa, quase é massacrado:
- Assim a educação não vai pra frente!
- Você vai aprovar todo mundo?

Cristo fez diferente.
Um dia, Ele estava no templo, ensinando, quando "professores, escribas e fariseus" lhe trouxeram uma aluna que havia cometido uma falta grave. Já haviam realizado o conselho de classe entre eles e resolveram reprová-la. Uns citavam artigos da Lei de Moisés (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), outros alegavam seu comportamento, porém queriam ouvir a palavra final do Mestre. Perplexos, viram quando Ele se dirigiu não a eles, mas a ela: "Vai e não peques mais" (Jo. 8:11).

Jesus criou o conselho de classe para avaliar o processo educacional, onde destaca, sobretudo, o professor. Isto ficou muito claro, principalmente, no dia em que se colocou no meio de seus discípulos e perguntou: "E vós quem dizeis que eu sou?" Estava criada a auto avaliação.

Nem seria preciso dizer, mas a gente diz que o sistema de recuperação que se implanta por aí não recupera. Na Escola de Cristo é diferente. O aluno Pedro estava em recuperação e o Mestre preparou um teste oral, com apenas três perguntas:
- Pedro, amas-me?
- Senhor, tu sabes que te amo.
- Pedro, amas-me?
- Senhor, tu sabes que te amo.
- Pedro, amas-me?
- Sim, Senhor, tu sabes que te amo.
Foi uma prova duríssima, mas Pedro foi aprovado e ainda levou o dever de casa: "Apascenta minhas ovelhas" (Jo. 21:16). Jesus criou a recuperação para recuperar o aluno e não a nota. O aluno recuperado recupera a nota!

Os estudantes da Escola Profissionalizante de Cristo saem habilitados como "pescadores de homens". Líderes para atuar em todas as Eras.

O problema da evasão é tratado com muita firmeza: "Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, perdendo uma delas, não deixa noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida, até que a encontre?" (Lc.15:4). Jesus orava preocupado com a estatística de um aluno perdido na turma de 100. E nós? De cada 100 alunos matriculados na 1ª série do Ensino Fundamental, somente oito chegam ao Ensino Médio.

Jesus se mostrou preocupado não só com alunos perdidos, que abandonam a escola, ao contar a parábola dos que se perdem dentro da escola: "Varrer a casa, buscando-o até encontrá-lo" (Lc. 19:5).

Quem fundou a obra educacional de recuperação dos meninos de rua foi Jesus (Mc. 9:42). Ele criou também o Centro de Estudos Supletivos. Havia aulas durante todos os dias da semana: manhã, tarde e à noite. Zaqueu, chefe dos publicanos, cobrador desonesto de impostos, fez sua matrícula de cima da árvore e começou a estudar, naquele mesmo dia, em casa (Lc. 19:5). Nicodemos, príncipe dos judeus, preferiu estudar à noite, levando no caderno de anotações as suas dúvidas. Após a primeira aula, levou a resposta de tudo e uma advertência: "Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas?"

Na Escola de Cristo, estudavam ricos e pobres. Quando fundou a Educação Especial, após a aula, curou a todos. Não temos esse poder, todavia, temos o dever de respeitar os deficientes físicos e também a obrigação constitucional de fazê-los parte integrada do sistema educacional (Mt. 15:31-32). Estava criada a educação inclusiva.

E a merenda escolar?  Basta ler a narração bíblica da multiplicação dos pães para responder a pergunta. Todas as vezes que o Mestre ministrava suas aulas, ele mesmo providenciava a merenda (Mt. 14:17; Mt. 15:36; Lc. 15:32).

Jesus sempre trabalhou em equipe, não fazia o que os discípulos podiam fazer. Em Betânia,  choravam pela morte de Lázaro e ele mesmo chorou, quando chegou à cidade. Seguido por grande multidão (suas turmas eram enormes), foi visitar o túmulo, mas uma pedra o impedia de ver o aluno-defunto. Com seu poder, bastava ordenar e a pedra se tornaria pó. Não. Preferiu trabalhar em equipe: "Tirai a pedra" (Jo 11:39).Jesus sempre fazia a chamada. Dentro do cemitério, se não fosse feita a chamada nominal do aluno Lázaro, seria uma ressurreição em massa: Quem deveria “sair para fora?” Sairiam todos!

Na prova final de Pedro, Jesus lhe deu "cola".  O aluno errou a última questão: cortou a orelha do centurião romano. A solução foi a cola! Não foi reprovado nem ficou em recuperação. Continuou na Escola, porque o Mestre sabe que o erro é pedagógico.

Quem foi que criou módulos para o ensino à distância? E os módulos foram escritos pelos próprios alunos, Mateus, Marcos, Lucas e João, observando o universo vocabular...

O alunos da Escola de Cristo são tratados com justiça e igualdade. Judas que tanto lhe perturbou o magistério não foi expulso nem transferido: estudou na sua escola até o fim.

Cristo implantou a inclusão digital: "Pedro, tudo o que ligares na Terra será ligado no céu." Providenciou a globalização do ensino: "Ide por todo o mundo"... para que os homens se religassem na Internet divina e navegassem na mídia celestial: fé@graça.comJesus

A palavra rede(web) “hoje” é ultra moderna, todavia, Jesus a usou como palavra chave na Sua Escola e deu aula aos discípulos de web: “Lança a rede para o lado de lá”. Ou seja, para o lado do Bem.

Ao criar seu twiter, olhou para Pedro e disse-lhe: segue-me. Hoje o Mestre tem milhões de seguidores ao redor do mundo.
Ivone Boechat de Oliveira
Diaconiza da PIB de Niterói, RJ, Membro do Comitê de educação CBB
Bacharel em Direito, Graduada em Pedagogia, Pós Graduada em Educação, Mestre em Educação,
Phd Psicologia da Educação. Consultora em educação, Articulista de Jornais Nacionais e Internacionais
(Texto extraído do livro Escola Comunitária-4°.edição.

JOGO FRANCO NA EDUCAÇÃO CRISTÃ


Enquanto ouvia as explicações do Projeto Evangelístico Joga Limpo Brasil para a Copa 2014 na cidade de Manaus e o missionário mostrava as diretrizes que as igrejas devem realizar antes, durante e depois deste evento para que sejam disseminados no Brasil os princípios bíblicos que farão frente aos problemas sociais de nosso país, os quais estão relacionados com a cidadania, família, infância, ecologia e direitos humanos, contribuindo assim para uma sociedade mais justa, pacifica e harmônica. Meu cérebro fazia conexões.

Conexão deste Projeto Joga Limpo Brasil com alguns projetos de nossas igrejas como: Ação social, missões, evangelismo, integração, recepção e outros que necessitam desta visão. Conexão com nossa vida, enquanto pais, professores, diáconos, pastores, crentes e responsáveis que somos por esta sociedade, também precisamos desta visão. Conexão com o Projeto que teve origem com os ensinos de Deus ao seu povo, para que tivessem êxito pleno em sua vida: A Educação Cristã.

Jogando francamente, reconheço e congratulo-me com o crescimento da nossa Educação Cristã rumo à promoção do homem. Reconheço o avanço dos nossos educadores cristãos no ramo da capacitação, da pesquisa, do conhecimento, da comunicação, do uso dos recursos tecnológicos que temos hoje, visando uma intervenção transformadora e integral do homem. Porém, quero destacar: A dinâmica da Educação Cristã está em nossa vida.

Com esta matéria: “Jogo Franco na Educação Cristã” desejo refletir sobre o que achamos que é importante e aquilo que realmente é importante na Educação Cristã. Ela nasceu no coração de Deus para o mundo perdido.  Uma educação planejada, sistemática, contínua, arrojada e gigantesca.  É um plano educacional divino para transformação da humanidade, começando por aquele que ensina. A Educação Cristã inovadora e renovadora enfatiza a reflexão e a verdade (joga limpo), pois, está inserida em uma sociedade que exige resposta as suas mazelas socais e nos impõe a obrigação de respondermos estas questões a luz da bíblia.

A pedagogia de Deus é extraordinária, impossível descrever, infalível e libertadora. Todas as abordagens educacionais que se cerca a história procedem da Bíblia, dela derivam-se os parâmetros básicos da educação.

Contemplando o Antigo Testamento podemos dizer que Deus jogava limpo e de forma franca com o povo. Ele falava para seu povo como deveria proceder para serem bem sucedidos e um referencial para os outros povos. Porquanto te ordeno hoje que ames ao SENHOR teu Deus, que andes nos seus caminhos, e que guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, para que vivas, e te multipliques, e o SENHOR teu Deus te abençoe na terra a qual entras a possuir.”(Deuteronômio 30:16) “E os filhos são de semblante duro, e obstinados de coração; eu te envio a eles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor DEUS” (Ezequiel 2:4). Os ensinamentos eram repassados para o povo, sacerdotes e profetas diretamente por Deus e as famílias repassavam as gerações de modo formal, informal, público ou pessoal. “Farei lembrado o teu nome de geração em geração; por isso os povos te louvarão eternamente.” (Salmo 45:17). Eles não deviam meramente escutar, mas guardar, viver e repassar as gerações.

Os princípios de Deus não mudaram. Cabe a igreja fazer uso da Educação Cristã para transmitir os ensinamentos da Palavra de Deus para que a sociedade seja bem sucedida. Fazer frente aos problemas sociais é responsabilidade da igreja. “E os nossos aprendam também a aplicar-se às boas obras, nas coisas necessárias, para que não sejam infrutuosos” (Tito 3:1)

A Educação Cristã no Novo Testamento não perde os princípios pedagógicos do Antigo Testamento. Deus continua falando através de João Batista, Jesus Cristo, seus discípulos e os escritos destes, é uma continuidade.  Jesus foi ao templo com sua família ouviu e interrogou os doutores sobre estes ensinamentos, (Lucas 2:46) também percebemos que  o ensino familiar continua sendo repassada no N.T (2 Tim.1:5) a fé não fingida do jovem Timóteo habitou primeiro em  Lóide sua avó e Eunice sua mãe.

Encontramos um ensino voltado para a proclamação (Atos 1:4), o povo é desafiado a uma transformação de vida por Jesus e seus discípulos. Seus ensinamentos marcavam e transformavam vidas. E desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e os ensinava nos sábados. E admiravam de seus ensinamentos, porque a sua palavra era com autoridade.” (Lucas 4:31-32) A transformação precisava continuar! A Educação Cristã é prática e multiplicadora, se não está acontecendo esta transmissão, algo está faltando na Educação Cristã. “O que vimos e ouvimos isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo.”(1 João 1:3) E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.” (2 Timóteo 2:2)

O foco da Educação Cristã foi e sempre será a formação integral do homem, esta proposta é a de Jesus, a transformação do seu aspecto físico, quanto ao cuidado consigo mesmo como templo do Espírito Santo que é; do seu emocional quanto ao seu equilíbrio dentro da sociedade; do seu intelectual e conhecimento que ele tem e como usá-lo; do seu social, como o homem deve se relacionar em cada situação dentro da sociedade e do espiritual, o seu relacionamento com Deus. Esta é a Educação Cristã ideal.

Foi seguindo este exemplo de proclamação, transformação e ensino que a Escola Dominical foi modelado em 1780 pelo jornalista Robert Raikes na Inglaterra,  proprietário do Gloucester Journal. Ele se importava com o rumo das crianças em sua sociedade, como a degradação moral estava as atingindo e que um dos fatores para aumentar esta situação era a  falta de educação secular e principalmente a cristã. Então, Raikes organizou uma escola que funcionaria aos domingos, e não cuidaria apenas da educação secular, mas daria também a educação cristã, tendo a Bíblia como livro-texto.  Nossa preocupação hoje continua a mesma?

Jogo Franco na Educação Cristã nos desafia a levarmos o ensino de forma que adentre aos corações, que aqueça a alma daqueles que nos ouvem, a falarmos daquilo que de fato é essencial para as nossas vidas e a constituirmos discípulos.  “Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência” (2 Timóteo 3:10)

Tive professores que marcaram minha vida de forma positiva e negativa. Os que marcaram positivamente, seu procedimento falava mais alto do que as aulas. A vida deles era um ensino para mim. Sua paciência, atenção, cuidado, carinho, respeito, e simplesmente valorizar o que eu falava fazia o diferencial. Inspiravam-me a amar a educação, ensinavam com o coração, despertavam em mim o desejo de imitá-los, sentia que jogavam limpo comigo, que se preocupavam comigo, antes, durante e depois que eu saísse do âmbito escolar.

Comecei ensinando aos 12 anos em uma classe de Boas Novas, depois ensinei diversas faixas etárias na igreja: Crianças, pré-adolescentes, adolescentes, jovens e adultos. Fui ao Seminário fiz Educação Religiosa, depois Teologia, casei-me com pastor, tenho ministrado aulas em escolas publicas e particulares, especialmente Batistas, por 20 anos tenho trabalhado com a Educação Cristã do Ensino Fundamental ao Médio, inúmeras vezes ensinei em Faculdades Teológicas para formandos em Teologia e Educação Religioso. Mas  uma única coisa eu e meus alunos queríamos sem exceção: Que vivêssemos o que fora ensinado. 

Desejo veementemente que nós fazedores da Educação Cristã, na igreja (Escola Dominical ou outros momentos) ou na escola (pública ou privada) façamos uso dos parâmetros deixados por Deus em sua Palavra. Estejamos jogando limpo assim como Ele fez com o seu povo: “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Santo sereis, porque eu, o Senhor vosso, sou santo.” (Levítico 19:2) Os discípulos também ensinaram o que aprenderam com o MESTRE (1Pedro 1:15) “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver;

É essencial que tenhamos habilidade para o ensino, que sejamos comprometidos com nosso serviço, que façamos o planejamento das nossas aulas, que tenhamos esmero no ensino, que emane de nós toda a criatividade, que façamos uso de todos os recursos para a ministração de nossas aulas, sim, tudo isso se faz necessário realmente. Mas que, sobretudo impactemos nossos alunos e a sociedade com nossa vida consagrada ao Senhor. Eles dependem de nós!

Deus colocou em nossas mãos a Educação Cristã como um tesouro para darmos continuidade ao seu projeto pedagógico de salvação e transformação do homem. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.” (2 Coríntios 4:7)  Jamais podemos achar que já realizamos tudo e que estamos plenamente preparados. Deus nos dá capacidade e oportunidade para fazermos com excelência e zelo a Educação Cristã para impactar vidas diante do Senhor diante dos homens. Pois zelamos do que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos homens.” (2 Coríntios 8:20, 21)  

Orelina Pinheiro de Barros
Segunda Igreja Batista de Manaus, AM
Educadora Religiosa, Bacharel em Teologia, Pós graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Coordena o Ministério de Missões da SIB Manaus, Palestrante em Igrejas e Seminários sobre Missões Transculturais.

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL: Estratégia de Aperfeiçoamento e Discipulado



1. A ORIGEM

A Escola Dominical, Escola Bíblica Dominical ou EBD é uma estrutura educacional que se presta ao ensino da Bíblia e da doutrina nas Igrejas Protestantes. Chama-se dominical por acontecer,  aos domingos, podendo os estudos serem temáticos ou com um único assunto. Essa  escola, surgiu na Inglaterra, com o propósito de evangelizar crianças que ficavam sem atividade durante os serviços de domingo. Atualmente, esta atividade envolve os membros da congregação, em todas as faixas etárias e acontece em horário diverso ao serviço religioso. No Brasil, a maioria das comunidades adota a EBD matinal e os serviços religiosos vespertinos, mas algumas igrejas realizam a EBD horas antes do início dos cultos. Em países como EUA e na Inglaterra, todas as atividades dominicais acontecem durante a manhã.

O programa de disciplinas das EBD é geralmente determinado pelo departamento de educação  cristã da igreja ou da denominação e pode envolver o estudo sistemático de livros bíblicos, bem como fundamentos doutrinários ou temas relacionados com grupos específicos, como classes para casais, para adolescentes, para novos adeptos ou para catecúmenos; sempre baseados em fundamentos bíblicos.

Esse é um pequeno referencial histórico da Escola Bíblica Dominical. Uma visão da sua origem e seus própositos. Todavia, hoje precisamos lançar um olhar mais critico sobre essa escola e considerar a necessidade de repensar se essa instituição tem sido tratada como estratégia para o aperfeiçoamento dos salvos e para o discipulado.

Em Efésios 4.3-13, há um apelo para a unidade do povo de Deus, que será consequência da aplicação dos dons espirituais cujo único propósito é: “preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro”.

Já no texto de Mateus 28.19-20, há a instituição da grande comissão, onde alguns dos objetivos é ensinar e fazer discípulos.

Diante disso, podemos dizer que a Escola Bíblica, é na estrutura da igreja, uma escola para preparar o povo de Deus no conhecimento dos princípios bíblicos e na doutrina cristã,  afim de que os crentes sejam discipulados e aperfeiçoados no conhecimento da palavra de Deus.

2. OS OBJETIVOS

A Escola Bíblica não pode ouvidar-se dos seus objetivos:
Evangelização - angariar novos adeptos ao cristianismo em sua versão protestante.
Santificação - treinar os fiéis a viverem de acordo com os princípios cristãos e de sua denominação.
Aperfeiçoamento – capacitar os crentes a aperfeiçoarem seus dons no ministério
Discipulado – Formar discípulos e discipuladores.

Entretanto, é preciso repensar a EBD, rever se a estrutura institucionalizada e os objetivos estão alcançando os desafios que estamos vivendo no século 21, o século do conhecimento.

A EBD está inserida no mundo globalizando embevecido pela tecnologia que nos surpreende a cada momento. As informações nos surpreende com sua rapidez e processamento,  os processos e as organizações estão em constante avaliação de suas práticas, repensando e reavaliando suas perspectivas. É por isso, que esse cenário requer que olhemos ao nosso redor e assim possamos rever nossos conceitos. Esses conceitos estão arcaicos? Há necessidade de mudar de opinião ou de idéias? Será que se faz necessário a mudanças de paradigmas?

A Escola Bíblica tem sido tratada em nossas igrejas como uma estrutura à parte. Temos visto que muitas igrejas tratam a Escola Bíblica como um programa à parte, completamente desconexo dos como se fosse uma instituição que não está vinculada com o ministério da igreja. Podemos inferir que isso é reflexo de alguns pastores que não valorizam e não consideram a Educação  Cristã da Igreja como um ministério! Pastores que só dão valor ao ministério do púlpito. Infelizmente, essa tem sido a realidade contemplada em muitas igrejas.

3. REALIDADE

Não podemos nos esquivar de lançar um olhar crítico sobre a realidade da educação cristã das nossas igrejas. As Escolas Bíblicas estão vazias. Por quê? Será que o conteúdo não tem sido relevante para o discipulado e o aperfeiçoamento dos crentes? Será que é porque os crentes não se interessam pelo estudo da Bíblia e por isso não freqüentam a EBD? Será que isso denota desinteresse dos crentes em buscar aprimorar e aperfeiçoar seus conhecimentos na palavra? Ou será que a EBD não tem sido tratada como uma instituição estratégica para que a Igreja se torne relevante nesse mundo globalizado? Será que a EBD está vazia, porque os voluntários que receberam o chamado para o ministério do ensino não estão sendo zelando pelo dom do ensino e têm ministrado suas aulas relaxadamente, sem preparo, sem oração, sem planejamento e sem unção?

Por que parar e pensar, e repensar nesse instituto de ensino? Porque a Escola Bíblica tem se mostrado uma excelente estratégia de evangelização, discipulado e aperfeiçoamento dos crentes. Por isso, faz se necessário voltar os olhos para todos esses questionamentos e exigir uma postura da Igreja e do pastor em relação à eficiência do ensino da Escola Bíblica e da educação cristã como um todo.

O pastor tem aqui grande responsabilidade pelo sucesso ou fracasso da Escola Bíblica, porque todos nós que somos líderes e professores sabemos que a palavra, a postura e o envolvimento do pastor são fundamentais para que a Igreja tenha êxito em qualquer atividade da igreja.

Uma escola precisa de recursos para funcionar bem. As igrejas têm investido muito nos acampamentos, retiros, congressos e outros eventos! Atividades que são excelentes para promover a comunhão e os relacionamentos. Mas, pouco tem sido investido na Educação Cristã e no ensino da palavra de Deus. Precisamos trabalhar mais para alcançar a excelência. Os professores precisam ter a visão transformadora da palavra, precisam crer no poder dessa palavra.

O investimento não é só material não. É pessoal também. Cada professor, cada líder precisa enxergar a importância do seu trabalho para a edificaçao da igreja, do corpo de Cristo. É preciso investimento espiritual. Precisamos orar mais pelos nossos alunos, que são nossos irmãos, precisamos nos importar mais com o outro, intercedendo ao Espírito Santo que dê para a igreja a mesma visão, o mesmo pensamento.

Infelizmente, algumas igrejas jogaram a toalha! Desistiram da EBD. Afinal, por que ficar insistindo numa instituição onde o povo não comparece? Por que insistir com professores que não se comprometem? Melhor é gastar os esforços em eventos que dão ibope. Algumas igrejas trocaram a EBD pelos estudos nos lares, pelas células, pelos pequenos grupos. Estratégias adotadas para proporcionar ao crente a oportunidade de evangelização e multiplicação.  Nas células e nos pequenos grupos, o crente terá a oportunidade de reforçar aquilo que tem aprendido, por meio da troca de experiências e da comunhão, mas é na Escola Bíblica que se dá o ensino sistemático dos princípios cristãos, do conhecimento bíblico e da doutrina.

Todavia, algumas igrejas, continuam acreditando na força e nos objetivos da Escola Bíblica. Isso requer visão do poder da Palavra de Deus.

4.  PRINCÍPIOS

Tudo o que existe é estabelecido sobre pilares, sobre fundamentos, sobre alicerces, sobre princípios. Esses pilares por sua vez sustentam a construção dando-lhe firmeza estabilidade e confiança. Na igreja não é diferente. Por isso afirmamos que os objetivos da igreja proclamação, santificação, adoração, evangelização e a comunhão, são os mesmo objetivos que fundamentam a existência da Escola Bíblica, pois, evidenciam sobre qual fundamento ela está firmada: JESUS CRISTO.

A Igreja primitiva tinha seus pilares, a doutrina, a comunhão, o partir do pão e as orações. Quatro pilares que mantiveram a igreja fortalecida contra todos os tipos de intempéries. (Atos 2.42)

Não há dúvidas que os objetivos da Escola Bíblica se confundem com os objetivos da igreja. Por isso, a Escola Bíblica precisa ser vista como uma aliada da Igreja para que a essa permaneça inabalável diante das forças externas contrárias a sua edificação: Sejam pensamentos, ideologias, forças da natureza. Pois é na Escola Bíblica os objetivos da igreja são fortalecidos. É na Escola Bíblica que a Igreja fortalece a doutrina e seus discípulos.

“Jesus, ao estabelecer a Igreja, deu-lhe a tarefa de representá-lo no mundo.   Ele foi muito claro naquilo que a Igreja deve fazer: “Fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. Mateus 28,19-20. A escola bíblica dominical faz parte do papel da igreja, pois Deus usa essa ferramenta para o crescimento qualitativo do Reino de Deus, ou seja, preparar crentes maduros capazes de produzir frutos.”

Nesse sentido podemos dizer quão relevante é para a vida da igreja o trabalho da Escola Bíblica para o aperfeiçoamento dos santos e para o discipulado.

O planejamento, o currículo, a literatura, o dom do ensino, o sistema educacional e a filosofia da igreja são aspectos relevantes que devem ser considerados na vida da igreja.

5. DESAFIO

Eis aí o desafio para pastores, líderes e professores: Repensar a Escola Bíblica como estratégia para realização da obra de evangelização, proclamação, adoração, comunhão e santificação da Igreja, corpo da qual somos membros dotados pelo Espírito Santo para sua edificação.

Que as igrejas possam valorizar a oportunidade que temos de estudar a Bíblia na Escola Bíblica, afim de que possamos ser melhores discípulos. Discípulos que se aperfeiçoam na Palavra de Deus.

Eliene Pereira da Silva Dias
Primeira Igreja Batista do Gama, DF
Educadora Religiosa, graduada pelo IBER, RJ.
Especialista em Secretariado Executivo.
Pós-graduanda em Gestão de Pessoas no
Serviço Público, ENAP.
Palestrante nas áreas: Liderança,
Educação Cristã, Ministério Infantil, Missões

JUSTIÇA DO CRENTE X JUSTIÇA DOS ESCRIBAS E FARIZEUS: Os Ensinos de Jesus no Sermão da Montanha


“Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus,
jamais entrareis no reino dos céus”. (Mateus 5.20).

Há várias correntes teológicas muito disseminadas em nosso meio ensinando que a entrada no reino está condicionada a obediência a leis impostas pelos grupos religiosos. Se a interpretação do texto no sermão da montanha for encarada como mandamentos por causa das antíteses de Jesus (“eu, porém vos digo...”), logo, o sermão da montanha se enquadra plenamente no contexto do antigo testamento e nos ensinos dos escribas e fariseus. Nada mais é do que outra imposição de leis, linha teológica defendida Hans Windisch chamada “concepção perfeccionista”.

Outra linha teológica defendida pela ortodoxia luterana chamada “ideal inatingível”, diz que não podemos ler com seriedade o sermão da montanha sem ficarmos desesperados.  Onde diz que uma palavra ofensiva a outra pessoa você é digno de morte; Jesus exige castidade, que evite até mesmo um olhar impuro, pois comete adultério. E levantam o questionamento: quem pode cumprir tais ordenanças? Logo, o sermão é um ideal inatingível. As questões levantadas são as exigências de Jesus. Não há possibilidades de cumprir tudo o que Jesus ordenou, logo, interpretam como um ideal inatingível. Diz que é um grande erro julgar realizável o sermão da montanha. O que Jesus prega é impossível de se praticar.

Outra linha de interpretação do sermão da montanha, diz que a aplicação do sermão é “uma ética de emergência”. Ou seja, o que Jesus ensinou no sermão da montanha não é uma moral do progresso para longo prazo, mas sim para as necessidades do momento. A idéia da pregação e dos ensinos de Jesus na concepção da ética de emergência é encarada como a pregação de Noé sobre o dilúvio, a destruição de Sodoma e Gomorra, e a cidade de Nínive.

A idéia de exceder é ser mais do que suficiente para indicar em que aspectos a abundância é expressa com transbordamento, pessoas que têm uma vantagem, ser melhor, desligar; tem uma abundância de, ter mais do que suficiente. O verbo perisseusse dá idéia de um rio que transborda.

Joachim Jeremias, Diz: “O sermão da montanha possui uma estrutura bem clara (MT 5.20). A interpretação mais comum tende a colocar aqui escribas e fariseus em pé de igualdade. Entretanto, se trata de dois grupos distintos: os escribas são os mestres de teologia, e se tornaram escribas depois de anos de estudos. Os fariseus, não são teólogos, mas sim grupos leigos piedosos presentes em toda a parte do país.

A palavra Fariseu tem o significado de "separados". Seita que parece ter iniciado depois do exílio. Além dos livros do AT, os Fariseus reconheciam na tradição oral um padrão de fé e vida. Procuravam reconhecimento e mérito através da observância externa dos ritos e formas de piedade, tal como lavagens cerimoniais, jejuns, orações, e esmolas. Comparativamente, negligentes da genuína piedade, orgulhavam-se em suas boas obras. Mantinha de forma persistente a fé na existência de anjos bons e maus, e na vinda do Messias; e tinham esperança de que os mortos, após uma experiência preliminar de recompensa ou penalidade no Hades, seriam novamente chamados a vida por ele, e seriam recompensados, cada um de acordo com suas obras individuais.

Em oposição à dominação da família Herodes e do governo Romano, eles de forma decisiva sustentavam a teocracia e a causa do seu país, e tinham grande influência entre o povo comum. De acordo com Flávio Josefo, eram mais de 6000. Foram duramente repreendidos por Jesus, por causa da sua avareza, ambição, confiança vazia nas obras externas, e aparência de piedade a fim de ganhar popularidade, por causa disso se tornaram inimigos amargos de Jesus e sua causa.

Quanto ao estilo religioso dos escribas e fariseus, aparentemente, sem nenhuma reprovação, tinham uma vida de oração, jejuns (Mt. 6.5-6, 16); valorizavam a comunhão (segundo Flávio Josefo); fiéis dizimistas e doadores (Mt.23.23, Lc.18.12); evangelistas ativos (Mt. 23.15). Não é de se admirar, pois no meio evangélico atual encontramos pessoas do mesmo jeito, "assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade" (Mateus 23: 28). Primeiramente, a justiça dos Teólogos, (escribas), Jesus os confronta com relação à interpretação das escrituras, onde são apresentadas as leis de Moises, e a que Jesus estava apresentando como, (“eu porém vos digo...”). Em segundo lugar, A justiça dos leigos e piedosos, (fariseus), Jesus trata com eles sobre a observância das leis, onde se opõe a esmolas, às três horas de oração, ao jejum, como sendo forma de apresentarem exteriormente as pessoas e se justificarem por esses atos.

Segundo Russell Shedd, “Não é suficiente a observância de leis e de costumes; para isso os fariseus serviam muito bem. Precisa-se, uma certa realidade espiritual produzida pelo relacionamento com Deus pela fé que resulta numa retidão interna pela expressão externa”.

Jesus ao dialogar com um doutor da lei falou sobre justiça. Ao falar sobre atos de justiça, Jesus apresentou aquele homem, personagens que se identificava com ele, que eram os sacerdotes e levitas. (parábola do bom samaritano, Lc.10.25-37). A primeira reação não foi boa, pois ele entendeu que como mestre, representante da justiça e da lei, não amava o próximo. A segunda reação do mestre da lei foi que percebeu que fazia discriminação das pessoas, logo não agia segundo a justiça de Deus. A terceira reação, foi ser considerado inferior ao samaritano, visto que o samaritano tem mais amor pelo próximo do que os mestres da lei. Muitas das vezes, as classes que refutamos do nosso meio, tem mais amor aos seus do que os próprios “mestres da lei” “teólogos, religiosos, pastores, seminaristas”.

As pessoas a quem desprezo por sua falta de justiça (dentro do nosso ponto de vista) podem ser mais justas que eu. O Senhor Deus diz a Moises no Antigo Testamento. em Deuteronômio 16.20 “A justiça seguirás, somente a justiça, para que vivas e possua a herança a terra que te dá o Senhor, teu Deus”. No judaísmo rabínico, a “justiça” se identificava completamente com a conformidade à lei. Muitas das leis, normalmente as leis cerimoniais, já não era relevantes na forma em que estavam, mas, segundo os rabinos, tinham a intenção do treinar os homens na obediência e, especialmente, providenciar uma maneira para os homens adquirirem mérito aos olhos de Deus. A doutrina da justiça segundo Mateus é parte central da mensagem de Jesus. Até mesmo a obra de João é descrita nestes termos, porque veio “no caminho da justiça” Mt. 21.32, e conclama todo Israel ao arrependimento e ao batismo.


Anderson Resende Barbosa
Igreja Batista Jerusalém (Projeto Batista Boas Novas), Altamira, PA
Bacharel em Teologia FATEBE/STBE
Missionário JMN, Altamira-PA
(Revista Educador da CBB - 2T12)