Dentro de um processo de
escolarização, há necessidade além da construção e reconstrução dos saberes,
que se pretenda ao desenvolver competências
e habilidades, dedicar tempo para colocá-las em prática. Os educandos
constroem saberes, passam nos vestibulares, mas não conseguem mobilizar o
conhecimento para aplicá-los em situações do dia a dia.
A competência para
resolver uma situação problema envolve várias habilidades ao procurar e
conferir informações. Ao tomarmos a decisão para a resolução do problema,
agimos com improvisação alicerçada na experiência. A diferença entre
competência e habilidade é determinada pelo contexto, de acordo com Guiomar
Namo de Mello.
O conceito de competência está intimamente relacionado à idéia de
laboralidade e aumenta a responsabilidade das instituições de ensino na
organização dos currículos e das metodologias que propiciam a ampliação de
capacidades como resolver problemas novos, comunicar idéias, tomar decisões.
A competência é um conjunto de saberes e
habilidade é um saber-fazer relacionado à prática do trabalho, mais do que mera
ação motora. As habilidades são essenciais da ação, mas demandam domínio de
conhecimentos. Ao educar para competências será através da contextualização e
da interdisciplinaridade, com conteúdos pertinentes à realidade do aluno.
A competência é um
conjunto de saberes e habilidade é um saber-fazer relacionado à prática do
trabalho, mais do que mera ação motora
Competência em educação é
a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos - como saberes,
habilidades e informações - para solucionar com pertinência e eficácia uma
série de situações.
O ensino no Brasil, apesar de tantas inovações
tecnológicas levadas à sala de aula, ainda centra-se na aquisição de conteúdos.
É o professor o centro do processo de ensino-aprendizagem.
Eis o paradigma que ainda norteia o processo
ensino-aprendizagem em nossas escolas: o professor é colocado
na posição daquele que "possui" o conhecimento e sua tarefa é
"transmiti-lo" aos alunos.
Embora já faça parte do discurso escolar de que não se aprende apenas na
escola, a prática pedagógica revela a crença presente no interior das
instituições escolares de que a aquisição de conhecimentos válidos passa
pela somente pela escolaridade.
O ensino no Brasil, apesar de tantas inovações
tecnológicas levadas à sala de aula, ainda centra-se na aquisição de conteúdos.
É o professor o centro do processo de ensino-aprendizagem
Será que isso basta para atender as
necessidades da sociedade atual e também do aluno que nela vive?
Estudiosos contemporâneos, afirmam, que as
transformações pelas quais a sociedade está passando, estão criando uma nova
cultura e modificando as formas de produção e apropriação dos saberes.
Caberia então aos professores mediar a construção
do processo de conceituação a ser apropriado pelos alunos, buscando a promoção
da aprendizagem e desenvolvendo habilidades importantes para que eles
participem da sociedade que muitos estão chamando de "sociedade do
conhecimento".
O professor é um elemento chave na organização das
situações de aprendizagem, pois compete-lhe dar condições para que o aluno
"aprenda a aprender", desenvolvendo situações de aprendizagens
diferenciadas, estimulando a articulação entre saberes e competências.
Reafirma-se, assim, a aprendizagem como uma construção, cujo epicentro é o
próprio aprendiz.
Teríamos dessa maneira: o
processo de desenvolver habilidades através dos conteúdos. Em lugar de continuar a decorar conteúdos, o aluno
passará a exercitar habilidades, e através delas, a aquisição de grandes
competências.
Grosso modo, podemos dizer que, o que levará,
efetivamente, ao bom êxito do programa, será a capacitação dos professores,
para que possam atuar com desenvoltura e segurança em relação à nova proposta.
O que levará, efetivamente, ao bom êxito do
programa, será a capacitação dos professores, para que possam atuar com
desenvoltura e segurança em relação à nova proposta
O que vem ocorrendo no ensino é uma dependência
muito grande do professor em relação ao livro didático, em detrimento de sua
própria função em sala de aula. Daí, na presente orientação, a responsabilidade
cair sobre o professor, independentemente do livro.
Fica evidente nesta proposta a necessidade da
existência de uma atividade construtiva sobre os objetos do conhecimento, desse
modo, cumprindo a função primordial da escola que é a de ensinar, agindo e
intervindo para que os alunos aprendam o que sozinhos não teriam condições de
fazê-lo por si mesmos.
Como conseqüência, teremos também uma necessária
mudança no conceito do que é ensinar. O que predomina é o conceito de ensino
enquanto informação, apoiado numa relação passiva professor-aluno, que na
maioria das vezes por meio do livro didático, "transmite" as
informações para o aluno, que normalmente as repetem, sem conseguir associá-las
a uma interpretação e ligação com a realidade, que forneça sentido ao próprio
aprendizado. Daí, uma das grandes dificuldades que o aluno encontra para
processar e transferir essas informações para diferentes campos do saber, ou
para situações que exigem uma real compreensão de conceitos.
Competências/Habilidades
- As
competências/habilidades são inseparáveis da ação, mas exigem domínio de
conhecimentos;
- Competências
se constituem num conjunto de conhecimentos, atitudes, capacidades e
aptidões que habilitam alguém para vários desempenhos da vida;
- Habilidades se
ligam a atributos relacionados não apenas ao saber-conhecer mas ao
saber-fazer, saber-conviver e ao saber-ser;
- As competências pressupõem operações mentais,
capacidades para usar as habilidades, emprego de atitudes, adequadas à
realização de tarefas e conhecimentos;
Algumas Competências/Habilidades:
Respeitar as
identidades e as diferenças;
|
Utilizar-se das
linguagens como meio de expressão, comunicação e informação;
|
Inter-relacionar
pensamentos, idéias e conceitos;
|
Desenvolver o
pensamento crítico e flexível e a autonomia intelectual;
|
Adquirir, avaliar e
transmitir informações;
|
Compreender os
princípios das tecnologias e suas relações integradoras;
|
Entender e ampliar
fundamentos científicos e tecnológicos;
|
Desenvolver a
criatividade;
|
Saber conviver em
grupo;
|
Aprender a aprender
|
As
habilidades estão associadas ao
saber fazer: ação física ou mental que indica a capacidade adquirida.
Assim, identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações,
analisar situações-problema, sintetizar,julgar, correlacionar e manipular são
exemplos de habilidades.
Já
as competências são um conjunto de habilidades harmonicamente desenvolvidas e
que caracterizam, por exemplo, uma função/profissão específica: ser
arquiteto, médico ou professor de química. “As
habilidades devem ser desenvolvidas na busca das competências."
As habilidades devem ser desenvolvidas na busca das
competências
De que competências se está falando? Da
capacidade de abstração, do desenvolvimento do pensamento sistêmico, ao
contrário da compreensão parcial e fragmentada dos fenômenos, da criatividade,
da curiosidade, da capacidade de pensar múltiplas alternativas para a solução
de um problema, ou seja, do desenvolvimento do pensamento divergente, da
capacidade de trabalhar em equipe, da disposição para procurar e aceitar
críticas, da disposição para o risco, do desenvolvimento do pensamento crítico,
do saber comunicar-se, da capacidade de buscar conhecimento. Estas são
competências que devem estar presentes na esfera social, cultural, nas
atividades políticas e sociais como um todo, e que são condições para o
exercício da cidadania num contexto democrático.
Cabe ainda observar preliminarmente que as
competências não eliminam os conteúdos, pois que não é possível desenvolvê-las
no vazio. Elas apenas norteiam a seleção dos conteúdos, para que o professor
tenha presente que o que importa na educação básica não é a quantidade de
informações, mas a capacidade de lidar com elas, através de processos que
impliquem sua apropriação e comunicação, e, principalmente, sua produção ou
reconstrução, a fim de que sejam transpostas a situações novas.
Poderíamos dizer que uma competência permite a
mobilização de conhecimentos para que se possa enfrentar uma determinada
situação, uma capacidade de encontrar vários recursos, no momento e na forma
adequadas. A competência implica uma mobilização dos conhecimentos e esquemas
que se possui para desenvolver respostas inéditas, criativas, eficazes para
problemas novos.
O conceito de habilidade também varia de
autor para autor. Em geral, as habilidades são consideradas como algo menos
amplo do que as competências. Assim, a competência estaria constituída por
várias habilidades. Entretanto, uma habilidade não "pertence" a
determinada competência, uma vez que uma mesma habilidade pode contribuir para
competências diferentes.
Percebemos então que o papel do professor tem que
estar centrado em um foco diferente do tradicional
transmissor de informações.
Torna-se necessária a contextualização daquilo que é
desenvolvido em sala de aula. E, a meu ver, urge educar para as
competências, e isso, através da contextualização e da
interdisciplinaridade.
O papel do professor tem que estar centrado em um
foco diferente do tradicional
transmissor de informações
Mais do que nunca urge uma ruptura com as práticas
tradicionais e o avançar em direção a uma ação pedagógica interdisciplinar
voltada para a aprendizagem do aluno - sujeito envolvido no processo não
somente com o seu potencial cognitivo, mas com todos os fatores que fazem parte
do ser unitário, ou seja, fatores afetivos, sociais e cognitivos.
O que
é interdisciplinaridade? O que é contextualização?
§ Os conteúdos intercruzados e aqueles unificadores
de temas constituem a mola mestra da interdisciplinaridade.
§
O interrelacionamento entre os conteúdos das
disciplinas configura a interdisciplinaridade.
§
Os conteúdos impregnados da(s) realidade(s) do
aluno demarcam o significado pedagógico da contextualização.
§ Contextualização imprime significados e
relevância aos conteúdos escolares.
§
A interdisciplinaridade explicita conteúdos
contextualizados
As competências – que articulam conhecimentos, habilidades e atitudes no
fator tempo– indicam uma ruptura com ações e
comportamentos que colocam a repetição e a padronização como marcos
característicos da conduta escolar e, para, além disso, consubstanciam a
necessidade de um novo modelo pedagógico.
Na educação, o ordenamento linear, seqüencial, mensurável,
previsível e contínuo passa a assumir o caráter de organização em rede,
pluralista, diverso, harmônico, flexível e processual (sempre em aberto).
Nessa perspectiva, outro fator importante que necessita mudar
é a Avaliação.
Sua concepção deve ser construída de modo a caracterizar:
§
Observância às competências propostas.
§
Predomínio dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos e dos resultados ao longo do processo sobre os circunstanciais
(testes e provas).
§
Inclusão da reorientação de estudos para os
alunos com dificuldades de aprendizagem.
§
Acompanhamento processual a respeito do
desenvolvimento do educando.
§
Predominância dos aspectos formativos sobre os
somativos.
Citando os Parâmetros: "O conceito de
aprendizagem significativa, central na perspectiva construtivista, implica,
necessariamente, o trabalho simbólico de significar a parcela da realidade que
se conhece. As aprendizagens que os alunos realizam na escola serão
significativas na medida em que consigam estabelecer relações substantivas e
não arbitrárias entre os conteúdos escolares e os conhecimentos previamente
construídos por eles, num processo de articulação de novos significados"
Da instituição Escola se exige que explicite a sua
função social e sua proposta educativa, indicando com clareza o perfil do
cidadão que deseja preparar.
É necessário que as escolas tenham identidade como
instituições de educação de jovens e que essa identidade seja diversificada em
função das características do meio social e da clientela, diversificação que
não significa fragmentação, mas respeito ao conhecimento dos alunos no que
tange às diferenças do ponto de partida em que se encontram.
Marília Gomes Duarte da
Costa
Bacharel em
Educação Religiosa. Licenciatura em Pedagogia com
Habilitação em Orientação Educacional. Pós-Graduação em Docência
Superior e Psicopedagogia e Relações Humanas
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