domingo, 20 de abril de 2014

EM ALGUM LUGAR DO PASSADO

Peguei carona nesse clássico da década de oitenta, para falar de um sentimento que mexe muito comigo: patriotismo. Talvez alguém não entenda bem o que uma coisa tem a ver com a outra. Eu explico. É que estaremos comemorando duas datas muito significativas no calendário nacional: Dia do Soldado e Dia da Pátria. Reparem na proximidade entre uma e outra. Seria coincidência? Eu digo que não. As páginas de nossa história mostram que uma é segmento da outra.

A razão de eu usar esse clássico como título, é por perceber que as comemorações dessas datas estão ficando cada vez mais apagadas, frias, lembrando mais uma obrigação que uma devoção. Para sentir essa diferença, vale lembrar o estilo garboso de se comemorar esses eventos nos anos que se foram. Quem não lembra do povo se espremendo nas calçadas ao longo das avenidas, agitando no ar as bandeirinhas verde-amarelas para saudar os militares ostentando suas medalhas? E as escolas? Todas com seus uniformes de gala, impecáveis, brilhando no desfile. Nessa época áurea isso era imperdível!

Por que será que essas celebrações vêm perdendo o seu glamour? Entendo que patriotismo é algo que nasce com a gente e não tem prazo de validade, é herança bendita e é pra sempre! tipo “gen” que nos identifica perante o mundo. Entendo que ser patriota é deixar exposto esse sentimento na alma e no coração; que os símbolos de nossa nação são sagrados e representam o nosso maior legado. Cresci com esta certeza. É emocionante ver o jeito de cada povo comemorar suas datas nacionais; faz parte de seu baú cultural. É lindo presenciar esse mosaico cívico explodindo em todos os continentes.

Sempre ouvi dizer que aprendemos a dar valor a um bem quando o perdemos. Confirmei isso quando morei no exterior e vi muito imigrante chorar diante de sua bandeira, não podendo rever sua terra sem correr o risco de comprometer seu retorno, por estar numa situação ilegal num outro país. Vi também muitos “brasis” cantando a sua origem, cheios de paixão por nossas raízes, encantando os estrangeiros com a beleza de nossa língua. Nas festas natalinas em várias igrejas era tradição cada um cantar em seu idioma as músicas pra essa ocasião. Belo exemplo de patriotismo preservado.

Relembrando essas experiências marcantes em meu viver, eu pergunto: será que é exatamente lá, em algum lugar do passado, que adormeceu o sentimento de patriotismo de muita gente, filhos desse Brasil imenso, exuberante, celeiro que vem alimentando outras nações desde a sua descoberta? Será que esqueceram lá os atos heróicos dos que deram a vida por essa pátria amada? Será que é lá que se perdeu o pulsar vibrante dos corações brasileiros por seu brasão e seu hino? Será que é lá, nesse passado nem tão distante, que o Grito do Ipiranga ainda tenta tirar do berço esplêndido os que permanecem dormindo, alheios aos valores implícitos em sua bagagem original?

Quando nossos soldados estiverem marchando, e estivermos entoando o hino de nossa pátria, vamos derramar a alma diante de Deus e agradecer por essa terra abençoada e pelos que tombaram por ela. Vamos erguer a bandeira brasileira e gritar em alta voz, para que o mundo inteiro ouça: sou brasileiro e sou feliz!

Prof.a Ruth Pessanha Vianna
Pedagoga, Escritora laureada no Brasil e no Exterior.
Membro Titular da Academia Evangélica de Letras do Brasil – AELB. 

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