quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL: Estratégia de Aperfeiçoamento e Discipulado



1. A ORIGEM

A Escola Dominical, Escola Bíblica Dominical ou EBD é uma estrutura educacional que se presta ao ensino da Bíblia e da doutrina nas Igrejas Protestantes. Chama-se dominical por acontecer,  aos domingos, podendo os estudos serem temáticos ou com um único assunto. Essa  escola, surgiu na Inglaterra, com o propósito de evangelizar crianças que ficavam sem atividade durante os serviços de domingo. Atualmente, esta atividade envolve os membros da congregação, em todas as faixas etárias e acontece em horário diverso ao serviço religioso. No Brasil, a maioria das comunidades adota a EBD matinal e os serviços religiosos vespertinos, mas algumas igrejas realizam a EBD horas antes do início dos cultos. Em países como EUA e na Inglaterra, todas as atividades dominicais acontecem durante a manhã.

O programa de disciplinas das EBD é geralmente determinado pelo departamento de educação  cristã da igreja ou da denominação e pode envolver o estudo sistemático de livros bíblicos, bem como fundamentos doutrinários ou temas relacionados com grupos específicos, como classes para casais, para adolescentes, para novos adeptos ou para catecúmenos; sempre baseados em fundamentos bíblicos.

Esse é um pequeno referencial histórico da Escola Bíblica Dominical. Uma visão da sua origem e seus própositos. Todavia, hoje precisamos lançar um olhar mais critico sobre essa escola e considerar a necessidade de repensar se essa instituição tem sido tratada como estratégia para o aperfeiçoamento dos salvos e para o discipulado.

Em Efésios 4.3-13, há um apelo para a unidade do povo de Deus, que será consequência da aplicação dos dons espirituais cujo único propósito é: “preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro”.

Já no texto de Mateus 28.19-20, há a instituição da grande comissão, onde alguns dos objetivos é ensinar e fazer discípulos.

Diante disso, podemos dizer que a Escola Bíblica, é na estrutura da igreja, uma escola para preparar o povo de Deus no conhecimento dos princípios bíblicos e na doutrina cristã,  afim de que os crentes sejam discipulados e aperfeiçoados no conhecimento da palavra de Deus.

2. OS OBJETIVOS

A Escola Bíblica não pode ouvidar-se dos seus objetivos:
Evangelização - angariar novos adeptos ao cristianismo em sua versão protestante.
Santificação - treinar os fiéis a viverem de acordo com os princípios cristãos e de sua denominação.
Aperfeiçoamento – capacitar os crentes a aperfeiçoarem seus dons no ministério
Discipulado – Formar discípulos e discipuladores.

Entretanto, é preciso repensar a EBD, rever se a estrutura institucionalizada e os objetivos estão alcançando os desafios que estamos vivendo no século 21, o século do conhecimento.

A EBD está inserida no mundo globalizando embevecido pela tecnologia que nos surpreende a cada momento. As informações nos surpreende com sua rapidez e processamento,  os processos e as organizações estão em constante avaliação de suas práticas, repensando e reavaliando suas perspectivas. É por isso, que esse cenário requer que olhemos ao nosso redor e assim possamos rever nossos conceitos. Esses conceitos estão arcaicos? Há necessidade de mudar de opinião ou de idéias? Será que se faz necessário a mudanças de paradigmas?

A Escola Bíblica tem sido tratada em nossas igrejas como uma estrutura à parte. Temos visto que muitas igrejas tratam a Escola Bíblica como um programa à parte, completamente desconexo dos como se fosse uma instituição que não está vinculada com o ministério da igreja. Podemos inferir que isso é reflexo de alguns pastores que não valorizam e não consideram a Educação  Cristã da Igreja como um ministério! Pastores que só dão valor ao ministério do púlpito. Infelizmente, essa tem sido a realidade contemplada em muitas igrejas.

3. REALIDADE

Não podemos nos esquivar de lançar um olhar crítico sobre a realidade da educação cristã das nossas igrejas. As Escolas Bíblicas estão vazias. Por quê? Será que o conteúdo não tem sido relevante para o discipulado e o aperfeiçoamento dos crentes? Será que é porque os crentes não se interessam pelo estudo da Bíblia e por isso não freqüentam a EBD? Será que isso denota desinteresse dos crentes em buscar aprimorar e aperfeiçoar seus conhecimentos na palavra? Ou será que a EBD não tem sido tratada como uma instituição estratégica para que a Igreja se torne relevante nesse mundo globalizado? Será que a EBD está vazia, porque os voluntários que receberam o chamado para o ministério do ensino não estão sendo zelando pelo dom do ensino e têm ministrado suas aulas relaxadamente, sem preparo, sem oração, sem planejamento e sem unção?

Por que parar e pensar, e repensar nesse instituto de ensino? Porque a Escola Bíblica tem se mostrado uma excelente estratégia de evangelização, discipulado e aperfeiçoamento dos crentes. Por isso, faz se necessário voltar os olhos para todos esses questionamentos e exigir uma postura da Igreja e do pastor em relação à eficiência do ensino da Escola Bíblica e da educação cristã como um todo.

O pastor tem aqui grande responsabilidade pelo sucesso ou fracasso da Escola Bíblica, porque todos nós que somos líderes e professores sabemos que a palavra, a postura e o envolvimento do pastor são fundamentais para que a Igreja tenha êxito em qualquer atividade da igreja.

Uma escola precisa de recursos para funcionar bem. As igrejas têm investido muito nos acampamentos, retiros, congressos e outros eventos! Atividades que são excelentes para promover a comunhão e os relacionamentos. Mas, pouco tem sido investido na Educação Cristã e no ensino da palavra de Deus. Precisamos trabalhar mais para alcançar a excelência. Os professores precisam ter a visão transformadora da palavra, precisam crer no poder dessa palavra.

O investimento não é só material não. É pessoal também. Cada professor, cada líder precisa enxergar a importância do seu trabalho para a edificaçao da igreja, do corpo de Cristo. É preciso investimento espiritual. Precisamos orar mais pelos nossos alunos, que são nossos irmãos, precisamos nos importar mais com o outro, intercedendo ao Espírito Santo que dê para a igreja a mesma visão, o mesmo pensamento.

Infelizmente, algumas igrejas jogaram a toalha! Desistiram da EBD. Afinal, por que ficar insistindo numa instituição onde o povo não comparece? Por que insistir com professores que não se comprometem? Melhor é gastar os esforços em eventos que dão ibope. Algumas igrejas trocaram a EBD pelos estudos nos lares, pelas células, pelos pequenos grupos. Estratégias adotadas para proporcionar ao crente a oportunidade de evangelização e multiplicação.  Nas células e nos pequenos grupos, o crente terá a oportunidade de reforçar aquilo que tem aprendido, por meio da troca de experiências e da comunhão, mas é na Escola Bíblica que se dá o ensino sistemático dos princípios cristãos, do conhecimento bíblico e da doutrina.

Todavia, algumas igrejas, continuam acreditando na força e nos objetivos da Escola Bíblica. Isso requer visão do poder da Palavra de Deus.

4.  PRINCÍPIOS

Tudo o que existe é estabelecido sobre pilares, sobre fundamentos, sobre alicerces, sobre princípios. Esses pilares por sua vez sustentam a construção dando-lhe firmeza estabilidade e confiança. Na igreja não é diferente. Por isso afirmamos que os objetivos da igreja proclamação, santificação, adoração, evangelização e a comunhão, são os mesmo objetivos que fundamentam a existência da Escola Bíblica, pois, evidenciam sobre qual fundamento ela está firmada: JESUS CRISTO.

A Igreja primitiva tinha seus pilares, a doutrina, a comunhão, o partir do pão e as orações. Quatro pilares que mantiveram a igreja fortalecida contra todos os tipos de intempéries. (Atos 2.42)

Não há dúvidas que os objetivos da Escola Bíblica se confundem com os objetivos da igreja. Por isso, a Escola Bíblica precisa ser vista como uma aliada da Igreja para que a essa permaneça inabalável diante das forças externas contrárias a sua edificação: Sejam pensamentos, ideologias, forças da natureza. Pois é na Escola Bíblica os objetivos da igreja são fortalecidos. É na Escola Bíblica que a Igreja fortalece a doutrina e seus discípulos.

“Jesus, ao estabelecer a Igreja, deu-lhe a tarefa de representá-lo no mundo.   Ele foi muito claro naquilo que a Igreja deve fazer: “Fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. Mateus 28,19-20. A escola bíblica dominical faz parte do papel da igreja, pois Deus usa essa ferramenta para o crescimento qualitativo do Reino de Deus, ou seja, preparar crentes maduros capazes de produzir frutos.”

Nesse sentido podemos dizer quão relevante é para a vida da igreja o trabalho da Escola Bíblica para o aperfeiçoamento dos santos e para o discipulado.

O planejamento, o currículo, a literatura, o dom do ensino, o sistema educacional e a filosofia da igreja são aspectos relevantes que devem ser considerados na vida da igreja.

5. DESAFIO

Eis aí o desafio para pastores, líderes e professores: Repensar a Escola Bíblica como estratégia para realização da obra de evangelização, proclamação, adoração, comunhão e santificação da Igreja, corpo da qual somos membros dotados pelo Espírito Santo para sua edificação.

Que as igrejas possam valorizar a oportunidade que temos de estudar a Bíblia na Escola Bíblica, afim de que possamos ser melhores discípulos. Discípulos que se aperfeiçoam na Palavra de Deus.

Eliene Pereira da Silva Dias
Primeira Igreja Batista do Gama, DF
Educadora Religiosa, graduada pelo IBER, RJ.
Especialista em Secretariado Executivo.
Pós-graduanda em Gestão de Pessoas no
Serviço Público, ENAP.
Palestrante nas áreas: Liderança,
Educação Cristã, Ministério Infantil, Missões

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