quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

ENSINANDO A PALAVRA DO PÚLPITO: A Função Pedagógica da Pregação



 INTRODUÇÃO
A pregação está no coração do Cristianismo e está no centro de toda a sua evangelização, doutrina e vida espiritual. Durante séculos a pregação tem sido reconhecida como uma força poderosa na formação das pessoas e até da própria cultura humana.

Toda a pregação deve ser caracterizada por um forte elemento didãtico. Ela deve ensinar e levar os ouvintes ao conhecimento e compreensão da Palavra de Deus e de suas verdades. Ao mesmo tempo ela deve irão encontro das necessidades básicas dos seres humanos neste final de Século XX. Então, deve haver relevância nos sermões, mas sem comprometer ou diluir as doutrinas bíblicas. A pregação pode e deve ter o propósito certo, deve ser profética, pessoal, poderosa, e persuasiva. Enfim, o púlpito exerce uma função pedagógica e deixa a sua marca para o Mestre na vida dos ouvintes.

1. ALGUNS PRINCÍPIOS BÁSICOS

1.1. Não se pode ensinar aquilo que não se tem aprendido

A função pedagógica da pregação deve funcionar no coração e vida do pregador antes que ele verbalize a mensagem para os outros. Ele deve ser aprendiz aos pés de Jesus Cristo antes de tentar educar biblicamente os outros. Antes de encontrar os ouvintes no texto para aplicar as verdades textuais a eles, o pregador deve encontrar a si mesmo no texto, e como o texto afeta e se aplica a ele. E, a aprendizagem é facilitada quando o pregador não apenas compreende o Evangelho, mas também compreende as pessoas com que ele lida.

1.2. Não se pode ensinar aquilo que não pode ser absorvido e aprendido pelo ouvinte.

Às vezes o vocabulário usado pelos pregadores inclui palavras e conceitos que os teólogos entendem, mas, que não são compreensíveis por muitas pessoas. Também, às vezes há várias pessoas no auditório que conhecem muito pouco da Bíblia e dos conceitos cristãos. Nós que temos a incumbência de pregar nunca deve¬mos nos esquecer delas e como al¬cançá-las com as nossas mensagens.

1.3. O ouvinte aprende melhor aquilo que lhe é transmitido quando ele o coloca em prática.      

É necessário que quem prega e ensina dê exemplos concretos e aplicações certas de como as ver¬dades mais importantes que são focalizadas podem ser colocadas em prática no dia a dia do ouvinte. Mas também é preciso lembrar que todos nós aprendemos com maior facilidade quando somos levados a descobrir parte das verdades de Deus por nós mesmos. Através do estudo indutivo da Bíblia e de perguntas feitas aos que ouvem o pregador pode levá-los a um conhecimento mais pleno dos ensinos de Deus.

1.4. As verdades mais profundas de Deus somente podem ser aprendidas com o auxílio e orientação do Espírito Santo. (I Cor. 2:9-14, especialmente o v. 14)

A Bíblia declara que o Espírito de Deus penetra nos corações e vidas das pessoas quando a Palavra é pregada e quando os ouvidos estão prontos para ouvir e obedecer. O pregador não pode mover e transformar os corações. Somente o Espírito Santo pode fazê-lo. Quem prega é apenas um porta-voz, um instrumento nas mãos do Espírito Santo.


2. FERRAMENTAS DA APRENDIZAGEM

2.1. Ensinando a Palavra de Deus através do conteúdo pedagógico a pregação bíblica

A Bíblia não consta apenas de informações a serem consideradas admiradas, mas é Verdade a ser ouvida, obedecida e aplicada. Ninguém deve subestimar a relevância da Bíblia à experiência humana. A pregação baseada na Palavra de Deus e o testemunho de Cristo têm a garantia da cooperação do Espírito Santo para torná-la eficaz na vida do ouvinte. O ensino baseado na exposição cuidadosa de textos bíblicos ajuda na conversão daqueles que não são salvos e no preparo dos crentes, para que sejam verdadeiramente a luz do mundo e o sal da Terra. Quem cumpre seu papel na pregação deve sempre funcionar como quem ensina e instrui, e ao mesmo tempo ele deve preparar seus sermões baseados na dinâmica e vida da mensagem do Evangelho.

2.2. Ensinando a Palavra de Deus através do uso do propósito bem formulado

Cada sermão precisa ter um propósito ou objetivo bem definido. O pregador que não apenas ama os ouvintes, mas, também tem uma capacidade fora do comum para ver as suas necessidades, problemas, virtudes, pecados, dúvidas, e ansie¬dades certamente vai preparar sermões que alcançam os ouvintes com objetividade. E manterá um bom equilíbrio entre sermões que visam uma maior consagração, sermões evangelísticos, sermões éticos e sociais, sermões pastorais e de alento, sermões doutrinários, e sermões devocionais (sobre a oração, adoração, etc). Deve ser pregado um evangelho holístico, completo, que é ade¬quado para o ser humano na totalidade de suas necessidades e de sua personalidade. Assim estaremos pregando "todo o conselho de Deus".

2.3. Ensinando a Palavra de Deus através da apresentação de idéias lógicas

As idéias principais das mensa¬gens pregadas precisam ser importantes, relevantes, e lógicas, de pre¬ferência tiradas do próprio texto que está servindo como base para o sermão. Isso também inclui a apresentação das idéias de forma clara, em ordem lógica. É bom lembrar que os elementos principais de que se constrói um sermão ou estudo bíblico, são: A EXPOSIÇÃO do texto, a ILUSTRAÇÃO que acompanha a exposição e a torna mais clara, e a APLICAÇÃO das idéias expostas à vida dos ouvintes. Se qualquer um destes itens for omitido ou for fraco, isso enfraquecerá a mensagem em sua totalidade.

2.4. Ensinando a Palavra de Deus através do uso direto da Bíblia

O ideal é que cada ouvinte esteja com a Bíblia na mão e que acom¬panhe a mensagem na mesma. Quando a Bíblia é pouco usada durante o culto e a mensagem, há pouco incentivo para os ouvintes trazerem a Bíblia quando saem de casa para um culto. Mas quando o ouvinte acompanha o pregador no estudo dentro de sua própria Bíblia um simples, mas, importante processo de educação é intensificado.

2.5. Ensinando a Palavra de Deus através do uso de objetos visuais

Uma ferramenta preciosa para a aprendizagem é o uso de transparências, cartazes, e outros objetos visuais. Eles ajudam a reforçar o ensino. Porém, qualquer que seja o objeto utilizado em comunicar o Evangelho, ele não deve ser tão proeminente que a atenção seja focalizada nele mais do que no ponto central da mensagem.

2.6. Ensinando a Palavra de Deus através de um bom calendário ou programa de pregações e séries de mensagens bíblicas

Através do planejamento com antecedência é possível escolher os textos a serem pregados para um período de um mês, um trimestre, semestre, ou até um ano, junto com as devidas ênfases. Podem .ser incluídas séries de mensagens bíblicas sobre temas especiais, livros da Bíblia, etc. Exemplos: Séries de mensagens sobre os Dez Mandamentos, o Sermão do Monte, as Igrejas da Ásia (Apocalipse 2 e 3), o Espírito Santo, o Discipulado, Mordomia, Rute, Jonas, Amos, Filipenses, I Pedro, I João, etc. O Espírito Santo trabalha melhor quando nós que pregamos planejamos e estudamos mais. Entende-se que o planejamento é global, mas o preparo dos sermões individualmente se realiza na época em que serão pregados. O teste¬munho de muitos que usam este método é que eles próprios, bem como os ouvintes, são muito abençoados através da pregação de séries de sermões.

2.7. Ensinando a Palavra de Deus através da utilização de parte do programa ou boletim dominical para tomar anotações

Alguns obreiros ensinam seus ouvintes a acompanhar o sermão com caneta e papel na mão, tomando nota das idéias mais importantes. É um bom método pedagógico porque une o olho ao ouvido. Normalmente o ouvinte lembrará mais do sermão quando acompanha o sermão assim. A mente do ouvinte fica menos dividida quando ele está atento e escrevendo as idéias mais importantes que está ouvindo. Alguns pregadores gostam de colocar previamente as idéias mais importantes no programa de culto, às vezes com espaços específicos para serem preenchidos durante a mensagem. Às vezes usa-se o método de perguntas que devem ser respondidas pelo ouvinte, cujas respostas ele vai descobrindo no texto e nas palavras do pregador.

CONCLUSÃO

Quem prega deve manter em mente tanto a oportunidade, como a responsabilidade de fortalecer os programas de Educação Cristã na igreja. Ele é um verdadeiro instrutor. Sermões que reforçam o que se ensina nos outros programas da igreja, como na Escola Bíblica Dominical, contribuem para o crescimento doutrinário e espiritual. Os ouvintes são bem alimentados quando há uma relação saudável entre as mensagens do púlpito que cultivam o desejo para o crescimento espiritual e o que é feito no programa de educação da igreja para implementar aquele mesmo crescimento.

O ministério da pregação e a missão de educação podem e devem estar interligados, sempre visando levar todas as pessoas possíveis a um compromisso sério com Jesus Cristo, que é, Ele próprio, o coração do Evangelho. A tarefa do pregador é levar o povo a ver, compreender e cumprir seu ministério individual dentro do Corpo de Cristo.

A missão de quem prega é comunicar as verdades de Deus, expondo e interpretando o texto, guiando e ensinando, aplicando e persuadindo. Deus disse através de seu profeta, Jeremias: "E vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e inteligência". Que todos aqueles que têm a incumbência de ensinar a Palavra de Deus através da pregação possam usar os elementos de sua personalidade e espiritualidade para ensinar e levar à obediência aqueles que ouvem as suas mensagens. Que possam verbalizar a revelação divina das Escrituras, articular claramente as verdades que são a base da nossa fé, e que possam salientar a aplicação destes ensinos da Palavra de Deus. A proclamação feita assim terá autoridade, abençoará, e levará o Corpo de Cristo a maturidade. Assim os ouvintes viverão as verdades de Deus e serão uma bênção para o nosso mundo!

Jerry Stanley Key
Foi missionário no Brasil por 35 anosl.
Lecionou no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e no
 IBER (Instituto Batista de Educação Religiosa).
Fundou e pastoreou diversas igrejas no Rio de Janeiro, RJ
Escreveu vários livros, destacando-se o famoso José da Silva, Um Pregador Leigo; O Preparo e a Pregação do Sermão, além de ter publicado cerca de 400 artigos em mais de 20 revistas do Brasil e dos Estados Unidos.
Atualmente, reside em Fort Worth - Texas, nos Estados Unidos.
(Revista Educador 2T98)

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