1. A ORIGEM
A Escola Dominical, Escola Bíblica Dominical ou EBD é uma estrutura educacional que se
presta ao ensino da Bíblia e da doutrina nas Igrejas Protestantes. Chama-se
dominical por acontecer, aos domingos,
podendo os estudos serem temáticos ou com um único assunto. Essa escola, surgiu na Inglaterra, com o propósito
de evangelizar crianças que ficavam sem atividade durante os serviços de domingo.
Atualmente, esta atividade envolve os membros da congregação, em todas as
faixas etárias e acontece em horário diverso ao serviço religioso. No Brasil, a
maioria das comunidades adota a EBD matinal e os serviços religiosos
vespertinos, mas algumas igrejas realizam a EBD horas antes do início dos
cultos. Em países como EUA e na Inglaterra, todas as atividades dominicais
acontecem durante a manhã.
O
programa de disciplinas das EBD é geralmente determinado pelo departamento de
educação cristã da igreja ou da
denominação e pode envolver o estudo sistemático de livros bíblicos, bem como
fundamentos doutrinários ou temas relacionados com grupos específicos, como
classes para casais, para adolescentes, para novos adeptos ou para catecúmenos;
sempre baseados em fundamentos bíblicos.
Esse
é um pequeno referencial histórico da Escola Bíblica Dominical. Uma visão da
sua origem e seus própositos. Todavia, hoje precisamos lançar um olhar mais
critico sobre essa escola e considerar a necessidade de repensar se essa instituição
tem sido tratada como estratégia para o aperfeiçoamento dos salvos e para o
discipulado.
Em
Efésios 4.3-13, há um apelo para a unidade do povo de Deus, que será
consequência da aplicação dos dons espirituais cujo único propósito é: “preparar os santos
para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que
todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e
cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito
é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas
ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia
e esperteza de homens que induzem ao erro”.
Já no texto de Mateus 28.19-20, há a instituição da grande comissão, onde
alguns dos objetivos é ensinar e fazer discípulos.
Diante disso, podemos dizer que a Escola Bíblica, é na estrutura da igreja,
uma escola para preparar o povo de Deus no conhecimento dos princípios bíblicos
e na doutrina cristã, afim de que os
crentes sejam discipulados e aperfeiçoados no conhecimento da palavra de Deus.
2. OS OBJETIVOS
A Escola Bíblica não pode ouvidar-se dos seus objetivos:
Evangelização
- angariar novos adeptos ao cristianismo em sua versão protestante.
Santificação
- treinar os fiéis a viverem de acordo com os princípios cristãos e de sua
denominação.
Aperfeiçoamento
– capacitar os crentes a aperfeiçoarem seus dons no ministério
Discipulado
– Formar discípulos e discipuladores.
Entretanto, é preciso repensar a EBD, rever se a
estrutura institucionalizada e os objetivos estão alcançando os desafios que
estamos vivendo no século 21, o século do conhecimento.
A EBD está inserida no mundo globalizando
embevecido pela tecnologia que nos surpreende a cada momento. As informações
nos surpreende com sua rapidez e processamento,
os processos e as organizações estão em constante avaliação de suas
práticas, repensando e reavaliando suas perspectivas. É por isso, que esse
cenário requer que olhemos ao nosso redor e assim possamos rever nossos conceitos.
Esses conceitos estão arcaicos? Há necessidade de mudar de opinião ou de
idéias? Será que se faz necessário a mudanças de paradigmas?
A Escola Bíblica tem sido tratada em nossas
igrejas como uma estrutura à parte. Temos visto que muitas igrejas tratam a
Escola Bíblica como um programa à parte, completamente desconexo dos como se
fosse uma instituição que não está vinculada com o ministério da igreja.
Podemos inferir que isso é reflexo de alguns pastores que não valorizam e não
consideram a Educação Cristã da Igreja
como um ministério! Pastores que só dão valor ao ministério do púlpito.
Infelizmente, essa tem sido a realidade contemplada em muitas igrejas.
3.
REALIDADE
Não podemos nos esquivar de lançar um olhar
crítico sobre a realidade da educação cristã das nossas igrejas. As Escolas
Bíblicas estão vazias. Por quê? Será que o conteúdo não tem sido relevante para
o discipulado e o aperfeiçoamento dos crentes? Será que é porque os crentes não
se interessam pelo estudo da Bíblia e por isso não freqüentam a EBD? Será que
isso denota desinteresse dos crentes em buscar aprimorar e aperfeiçoar seus
conhecimentos na palavra? Ou será que a EBD não tem sido tratada como uma
instituição estratégica para que a Igreja se torne relevante nesse mundo globalizado?
Será que a EBD está vazia, porque os voluntários que receberam o chamado para o
ministério do ensino não estão sendo zelando pelo dom do ensino e têm
ministrado suas aulas relaxadamente, sem preparo, sem oração, sem planejamento
e sem unção?
Por que parar e pensar, e repensar nesse
instituto de ensino? Porque a Escola Bíblica tem se mostrado uma excelente
estratégia de evangelização, discipulado e aperfeiçoamento dos crentes. Por
isso, faz se necessário voltar os olhos para todos esses questionamentos e
exigir uma postura da Igreja e do pastor em relação à eficiência do ensino da
Escola Bíblica e da educação cristã como um todo.
O pastor tem aqui grande responsabilidade pelo
sucesso ou fracasso da Escola Bíblica, porque todos nós que somos líderes e professores
sabemos que a palavra, a postura e o envolvimento do pastor são fundamentais
para que a Igreja tenha êxito em qualquer atividade da igreja.
Uma escola precisa de recursos para funcionar
bem. As igrejas têm investido muito nos acampamentos, retiros, congressos e
outros eventos! Atividades que são excelentes para promover a comunhão e os
relacionamentos. Mas, pouco tem sido investido na Educação Cristã e no ensino da palavra de Deus. Precisamos trabalhar mais
para alcançar a excelência. Os professores precisam ter a visão transformadora
da palavra, precisam crer no poder dessa palavra.
O investimento não é só material não. É pessoal também. Cada professor,
cada líder precisa enxergar a importância do seu trabalho para a edificaçao da
igreja, do corpo de Cristo. É preciso investimento espiritual. Precisamos orar
mais pelos nossos alunos, que são nossos irmãos, precisamos nos importar mais
com o outro, intercedendo ao Espírito Santo que dê para a igreja a mesma visão,
o mesmo pensamento.
Infelizmente, algumas igrejas jogaram a toalha! Desistiram da EBD. Afinal, por que
ficar insistindo numa instituição onde o povo não comparece? Por que insistir
com professores que não se comprometem? Melhor é gastar os esforços em eventos
que dão ibope. Algumas igrejas trocaram a EBD pelos estudos nos lares, pelas
células, pelos pequenos grupos. Estratégias adotadas para proporcionar ao
crente a oportunidade de evangelização e multiplicação. Nas células e nos pequenos grupos, o crente
terá a oportunidade de reforçar aquilo que tem aprendido, por meio da troca de
experiências e da comunhão, mas é na Escola Bíblica que se dá o ensino
sistemático dos princípios cristãos, do conhecimento bíblico e da doutrina.
Todavia, algumas igrejas, continuam acreditando
na força e nos objetivos da Escola Bíblica. Isso requer visão do poder da
Palavra de Deus.
4.
PRINCÍPIOS
Tudo o que existe é estabelecido sobre pilares,
sobre fundamentos, sobre alicerces, sobre princípios. Esses pilares por sua vez
sustentam a construção dando-lhe firmeza estabilidade e confiança. Na igreja
não é diferente. Por isso afirmamos que os objetivos da igreja proclamação,
santificação, adoração, evangelização e a comunhão, são os mesmo objetivos que
fundamentam a existência da Escola Bíblica, pois, evidenciam sobre qual fundamento ela está
firmada: JESUS CRISTO.
A Igreja primitiva tinha seus pilares, a doutrina,
a comunhão, o partir do pão e as orações. Quatro pilares que mantiveram a
igreja fortalecida contra todos os tipos de intempéries. (Atos 2.42)
Não há dúvidas que os objetivos da Escola Bíblica
se confundem com os objetivos da igreja. Por isso, a Escola Bíblica precisa ser
vista como uma aliada da Igreja para que a essa permaneça inabalável diante das
forças externas contrárias a sua edificação: Sejam pensamentos, ideologias,
forças da natureza. Pois é na Escola Bíblica os objetivos da igreja são
fortalecidos. É na Escola Bíblica que a Igreja fortalece a doutrina e seus
discípulos.
“Jesus, ao estabelecer a Igreja,
deu-lhe a tarefa de representá-lo no mundo. Ele foi muito claro naquilo que a Igreja deve
fazer: “Fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos”. Mateus 28,19-20. A escola bíblica dominical faz parte do papel da
igreja, pois Deus usa essa ferramenta para o crescimento qualitativo do Reino
de Deus, ou seja, preparar crentes maduros capazes de produzir frutos.”
Nesse sentido podemos dizer quão
relevante é para a vida da igreja o trabalho da Escola Bíblica para o
aperfeiçoamento dos santos e para o discipulado.
O planejamento, o currículo, a
literatura, o dom do ensino, o sistema educacional e a filosofia da igreja são
aspectos relevantes que devem ser considerados na vida da igreja.
5. DESAFIO
Eis aí o desafio para pastores, líderes
e professores: Repensar a Escola Bíblica como estratégia para realização da
obra de evangelização, proclamação, adoração, comunhão e santificação da
Igreja, corpo da qual somos membros dotados pelo Espírito Santo para sua
edificação.
Que as igrejas possam valorizar a
oportunidade que temos de estudar a Bíblia na Escola Bíblica, afim de que
possamos ser melhores discípulos. Discípulos que se aperfeiçoam na Palavra de
Deus.
Eliene
Pereira da Silva Dias
Primeira Igreja Batista
do Gama, DF
Educadora Religiosa,
graduada pelo IBER, RJ.
Especialista em
Secretariado Executivo.
Pós-graduanda em Gestão
de Pessoas no
Serviço Público, ENAP.
Palestrante nas áreas:
Liderança,
Educação Cristã,
Ministério Infantil, Missões