quinta-feira, 30 de maio de 2013

A FUNÇÃO DO EDUCADOR CRISTÃO

Nas paraolimpíadas de Sidney, em 2000, Ádria Santos, atleta brasileira natural de Nanuque, MG, e que vive em Floripa, fez 100 metros rasos em 13s34, estabelecendo um Record olímpico. Ela hoje está com 37 anos de idade, começou a correr aos 14 e já recebeu 12 medalhas olímpicas, sendo 6 de ouro, 5 de prata e 1 de bronze, esta em Pequin, em 2008, além de outros 204 troféus em competições nacionais e mundiais. É a maior medalhista olímpica brasileira de todos os tempos. Ádria (Adriana) Rocha Santos é cega na classificação T11, cegueira total. Para competir, ela tem que correr com um guia ao seu lado para direcioná-la tocando no braço dela com o dorso da mão, indicando a direção dentro da raia. Ele pode encorajá-la, mas não pode lhe dar qualquer impulso ou ajuda. Quando vi o vídeo da corrida de Adriana em Beijin, fiquei emocionado pela sua vitória e pela lealdade do seu guia. Ao final da corrida, o guia não recebe qualquer medalha ou coroa de louros como a atleta recebeu em Atenas. Sua glória é conduzir a corredora até o pódio, ouvir o hino nacional do seu país e emocionar-se ao ver a medalha de ouro olímpico brilhar no peito da atleta. Ao assistir a corrida de Ádria em Pequin, comecei a pensar na função do Paráclito em nossa carreira cristã.

Em primeiro lugar, não temos como vencer nossa corrida cristã sem seguirmos a direção indicada pelo Espírito. Sempre que deixamos de seguir a orientação do Espírito, somos desclassificados por sairmos da raia, caimos vergonhosamente, batemos com a cara na parede, machucamos-nos e jamais alcançamos a linha de chegada. O pior é que muitos tombam, são envergonhados, machucam-se, mas não aprendem a lição. Continuam tentando correr espiritualmente às cegas, sozinhos, caindo de novo e de novo sendo desclasssificados por pisarem fora das linhas éticas estabelecidas pela Palavra de Deus. É tão absurda a pretensão de dispensarmos o único Guia que nos pode levar à vitória, como absurda seria a presunção da atleta cega de dispensar o seu guia.

Em segundo lugar, o treinamento com o guia é indispensável para que a atleta possa criar sensibilidade ao seu toque. Nós podemos treinar nossa sensibilidade ao toque direcional do Espírito a ponto de sermos conduzidos por ele o tempo todo, em todos os lugares e situações. Não há um passo que possamos dar em nossa vida familiar, profissional ou religiosa, no qual possamos dispensar a direção do nosso Paráclito. Por terem a presunção de correrem a carreira cristã sem a ajuda do Espírito Santo, muitos crentes e muitos pastores têm sido desclassificados na corrida. A carreira cristã é essencialmente espiritual e por isso não podemos dispensar o Paráclito como nosso Guia e correr confiados na carne, em nós mesmos.

Em terceiro lugar, Paulo diz que o atleta não pode ser coroado se não lutar legitimamente, dentro das regras (2Tm 2.5). O atleta, tanto quanto seu guia, precisa conhecer os regulamentos. Ádria ficou cega bem jovem devido a uma enfermidade (retinise pigmentar), desde então começou a se interessar pelo esporte e estudou minuciosamente todas as regras que uma corredora precisa conhecer. Seus guias não podem ser apenas bons e esforçados corredores, mas precisam correr dentro das regras. Nosso manual de conduta é a Palavra de Deus. Quanto mais conhecermos da Bíblia, tanto mais aptos estaremos para ser conduzidos pelo Espírito em nossa carreira cristã. Por óbvio, o Espírito Santo conhece tudo sobre a Palavra e pode nos conduzir vitoriosamente. Muitos cristãos foram derrotados por desconhecerem as regras do viver cristão contidas na Palavra de Deus e por isso sairam da raia ética da Bíblia.

O Paráclito nos ajuda em nossa fraqueza e intercede por nós, encoraja-nos e nos dirige, mas ele não quer para si a medalha. Ele quer vê-la brilhando em nosso peito. Essa é sua função e sua glória. Podemos seguir seus toques em nossa consciência.
Este artigo se aplica em dois sentidos ao educador: Primeiro, o próprio educador precisa ser conduzido pelo Espírito Santo para alcançar os propósitos que o Paráclito colocou em seu coração em relação aos seus educandos. Educação cristã não é apenas a transmissão de conhecimentos religiosos, mas formar o caráter de Cristo em cada educando até o ponto de cada um deles poder dizer: “Não mais eu vivo, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20). Segundo: cada educando deve ser treinado para correr dentro da baia da ética de Jesus, para o que também precisam ser guiados pelo Paráclito.

João Falcão Sobrinho
Membro da Igreja Batista Barão da Taquara – RJ.
Pastoreou diversas igrejas em São Paulo e no Rio de Janeiro e no Estado do Rio de Janeiro. Lecionou no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil: Evangelismo, Administração Eclesiástica, Eclesiologia, Orientação Pastoral da Família e Orientação Pastoral de Grupos Específicos. Nos Seminários de Campo Grande e São João do Meriti, ensinou Ministério Pastoral. Organizou e presidiu a UBLA - União Batista Latino-americana, hoje Departamento da Aliança Batista Mundial.
(Revista Educador da CBB – 1T13)

Nenhum comentário:

Postar um comentário