Nas paraolimpíadas de Sidney, em
2000, Ádria Santos, atleta brasileira natural de Nanuque, MG, e que vive em
Floripa, fez 100 metros rasos em 13s34, estabelecendo um Record olímpico. Ela
hoje está com 37 anos de idade, começou a correr aos 14 e já recebeu 12
medalhas olímpicas, sendo 6 de ouro, 5 de prata e 1 de bronze, esta em Pequin,
em 2008, além de outros 204 troféus em competições nacionais e mundiais. É a
maior medalhista olímpica brasileira de todos os tempos. Ádria (Adriana) Rocha
Santos é cega na classificação T11, cegueira total. Para competir, ela tem que
correr com um guia ao seu lado para direcioná-la tocando no braço dela com o
dorso da mão, indicando a direção dentro da raia. Ele pode encorajá-la, mas não
pode lhe dar qualquer impulso ou ajuda. Quando vi o vídeo da corrida de Adriana
em Beijin, fiquei emocionado pela sua vitória e pela lealdade do seu guia. Ao
final da corrida, o guia não recebe qualquer medalha ou coroa de louros como a atleta
recebeu em Atenas. Sua glória é conduzir a corredora até o pódio, ouvir o hino
nacional do seu país e emocionar-se ao ver a medalha de ouro olímpico brilhar
no peito da atleta. Ao assistir a corrida de Ádria em Pequin, comecei a pensar
na função do Paráclito em nossa carreira cristã.
Em
primeiro lugar, não temos como vencer nossa corrida cristã sem
seguirmos a direção indicada pelo Espírito. Sempre que deixamos de seguir a
orientação do Espírito, somos desclassificados por sairmos da raia, caimos
vergonhosamente, batemos com a cara na parede, machucamos-nos e jamais
alcançamos a linha de chegada. O pior é que muitos tombam, são envergonhados,
machucam-se, mas não aprendem a lição. Continuam tentando correr
espiritualmente às cegas, sozinhos, caindo de novo e de novo sendo
desclasssificados por pisarem fora das linhas éticas estabelecidas pela Palavra
de Deus. É tão absurda a pretensão de dispensarmos o único Guia que nos pode
levar à vitória, como absurda seria a presunção da atleta cega de dispensar o
seu guia.
Em
segundo lugar, o treinamento com o guia é indispensável para que a
atleta possa criar sensibilidade ao seu toque. Nós podemos treinar nossa
sensibilidade ao toque direcional do Espírito a ponto de sermos conduzidos por
ele o tempo todo, em todos os lugares e situações. Não há um passo que possamos
dar em nossa vida familiar, profissional ou religiosa, no qual possamos
dispensar a direção do nosso Paráclito. Por terem a presunção de correrem a
carreira cristã sem a ajuda do Espírito Santo, muitos crentes e muitos pastores
têm sido desclassificados na corrida. A carreira cristã é essencialmente
espiritual e por isso não podemos dispensar o Paráclito como nosso Guia e
correr confiados na carne, em nós mesmos.
Em
terceiro lugar, Paulo diz que o atleta não pode ser coroado se não
lutar legitimamente, dentro das regras (2Tm 2.5). O atleta, tanto quanto seu
guia, precisa conhecer os regulamentos. Ádria ficou cega bem jovem devido a uma
enfermidade (retinise pigmentar), desde então começou a se interessar pelo
esporte e estudou minuciosamente todas as regras que uma corredora precisa
conhecer. Seus guias não podem ser apenas bons e esforçados corredores, mas
precisam correr dentro das regras. Nosso manual de conduta é a Palavra de Deus.
Quanto mais conhecermos da Bíblia, tanto mais aptos estaremos para ser
conduzidos pelo Espírito em nossa carreira cristã. Por óbvio, o Espírito Santo
conhece tudo sobre a Palavra e pode nos conduzir vitoriosamente. Muitos
cristãos foram derrotados por desconhecerem as regras do viver cristão contidas
na Palavra de Deus e por isso sairam da raia ética da Bíblia.
O Paráclito nos ajuda em nossa
fraqueza e intercede por nós, encoraja-nos e nos dirige, mas ele não quer para
si a medalha. Ele quer vê-la brilhando em nosso peito. Essa é sua função e sua
glória. Podemos seguir seus toques em nossa consciência.
Este artigo se aplica em dois
sentidos ao educador: Primeiro, o próprio educador precisa ser conduzido pelo
Espírito Santo para alcançar os propósitos que o Paráclito colocou em seu
coração em relação aos seus educandos. Educação cristã não é apenas a
transmissão de conhecimentos religiosos, mas formar o caráter de Cristo em cada
educando até o ponto de cada um deles poder dizer: “Não mais eu vivo, mas Cristo
vive em mim” (Gl 2.20). Segundo: cada educando deve ser treinado para correr
dentro da baia da ética de Jesus, para o que também precisam ser guiados pelo
Paráclito.
João
Falcão Sobrinho
Membro da Igreja Batista Barão da Taquara – RJ.
Pastoreou diversas igrejas em São Paulo e no Rio de Janeiro e
no Estado do Rio de Janeiro. Lecionou no Seminário Teológico Batista do Sul do
Brasil: Evangelismo, Administração Eclesiástica, Eclesiologia, Orientação
Pastoral da Família e Orientação Pastoral de Grupos Específicos. Nos Seminários
de Campo Grande e São João do Meriti, ensinou Ministério Pastoral. Organizou e
presidiu a UBLA - União Batista Latino-americana, hoje Departamento da
Aliança Batista Mundial.
(Revista Educador da CBB – 1T13)
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