Neste artigo desejamos que o educador
religioso tenha uma teologia da Educação Religiosa, isto é, pensamentos sobre
Deus que lhe
indiquem como fazer educação.
Enquanto o educador faz sua teologia, ele faz também sua Educação
Religiosa.
Procuraremos entender a relação entre
os conceitos teológicos que dirigem a vida da igreja e a função educativa
dentro desta vida eclesiástica. Abordaremos uma teologia e alguns pensamentos
que conduzem a uma teologia da Educação Religiosa.
Vamos estudar algumas das
possibilidades que nos conduzem a uma teologia da Educação Religiosa. A
experiência da Educação Religiosa ocorre num tipo especial de contexto, que é
inicialmente educativo, mas basicamente teológico. Este contexto é a comunidade
cristã na qualidade de igreja organizada, uma koinonia ou irmandade, que exerce
a sua finalidade em Jesus
Cristo e no sacerdócio individual do crente, que goza de um
relacionamento íntimo com o Criador e Redentor. No âmago da experiência da Educação
Religiosa existem uma mensagem, uma missão e um mandamento a comunicar. Esta
comunicação funciona melhor quando proferida dentro da comunidade cristã de
amor. É, por certo educativa, mas fundamentada em fortes bases teológicas.
A forte dimensão teológica da
experiência da Educação Religiosa não pode ser menosprezada, pois é a dimensão
que se encontra no processo de equipagem
e amadurecimento. Quanto mais a comunidade de aprendizes puder aproximar-se da
verdadeira natureza da igreja, mais eficiente se torna o seu ministério. A
interpretação teológica inicial do evangelho comunicado é a fé individual dos
crentes, fundamentada nesse evangelho, com o privilégio e o poder de se
encontrarem com o Criador num nível de sacerdócio e serviço pessoal. Este
serviço se expressa em termos de atividades próprias da comunidade cristã. É
realmente a vivência de uma teologia de fé que se demonstra no evangelismo, nos
ministérios sociais, nas missões, no serviço cristão, na educação e no culto.
Neste sentido teológico, o crente é
afetado e se torna eficiente por meio do envolvimento pessoal com Deus. Ele se
torna o centro do processo de comunicação. O empenho em se comunicar emana de
um desejo de fidelidade a um mandamento de desafio e a uma posição de
responsabilidade. Centraliza-se no impulso básico do ímpeto educativo e no
imperativo teológico de alcançar e ensinar. O crente está no ápice do serviço
quando sua vida demonstra a realização do imperativo evangélico.
Quando o testemunho, a educação e a
equipagem se tornam os imperativos dinâmicos da igreja, o crente começa a
imaginar os resultados significativos de sua própria experiência rumo ao discipulado
cristão, bem como a responsabilidade de levar outras pessoas a se tornarem
parte do processo redentor do evangelho. A pessoa se torna capacitada a
trabalhar e a testemunhar com os significados e valores do evangelho como a
base para os relacionamentos totais.
1. Teologia Bíblica: A Diretriz Básica
Para o Ministério da Educação Religiosa
Na ênfase sobre a comunidade cristã,
como o contexto por meio do qual a comunicação do evangelho vai fluir, deve
haver fortes imperativos teológicos sobre os quais a comunicação se fundamente.
Três doutrinas são essenciais na teologia bíblica que fornece a diretriz básica
para o ministério da Educação Religiosa:
Deus criou o homem com um espírito
capaz de descobrir a verdade e a razão. O homem se surpreende convidado a
pensar os pensamentos de Deus e a imaginar suas obras maravilhosas. Em resposta
aos pensamentos do homem, Deus se revela à criação como verdade, ao mesmo tempo
em que oferece condições para a descoberta dessa verdade. É nesta estrutura de
descobertas e auto-revelação que Deus dá ao homem a oportunidade de descobrir a
verdade nos reinos das concepções físicas e espirituais.
Deus também forneceu à criatura a
capacidade de distinguir entre o certo e o errado. Mas isto não assegura, de
modo nenhum, o bom comportamento do homem; Ele dá, ao homem, um modelo coerente
de justiça por intermédio do qual se afirmam às opções morais. Deus se mostra
justo ao conceder ao homem um senso do certo e do errado e uma moralidade
dependente de sua verdade. O mais importante, contudo, é a auto-revelação de
Deus, quando ele proporciona ao homem o poder necessário para viver em justiça.
Deus está sempre em ação em direção ao
homem, não importa a reação do homem. A contínua procura humana de um poder ou
deidade a quem prestar devoção e lealdade supremas é satisfeita pela revelação
voluntária de Deus quando ele de contínuo vai ao encontro do homem, em seu
próprio plano, com uma promessa de vida rica e plena.
Esta busca persistente do homem, por
parte de Deus, ficou evidente em seus tratos com ele no passado e chega à
plenitude na pessoa de Jesus Cristo. A busca do homem, por parte de Deus,
continua incessantemente expressa através do serviço de pessoas e de grupos que
se submeteram à liderança e ao poder do soberano Deus e agora se dedicam à
expansão do ministério de Deus e ao convite a todos os homens.
Assim, Deus está eternamente no
trabalho e nas experiências do homem. Está acessível ao homem no desespero e
nas frustrações, em sua incapacidade de atingir o alto e o sublime, e em sua
incapacidade de tomar decisões corretas e adequadas. Por sinal, o homem pode
ter a presença de Deus em todas as circunstâncias. Os recursos do soberano
Senhor estão imediatamente disponíveis para a pessoa que lhe responde com amor
e fé. A mais leve reação de aceitação abre a vista para os dons de Deus, que
confortam, suprem, afirmam, direcionam, aprimoram e desenvolvem tal reação, de
modo a se converter em satisfação completa. A pessoa tem confirmações por meio
das experiências na comunidade cristã, pois a presença e o poder de Deus em
toda a sua soberania se revelam na vida dos redimidos.
Deus fala por meio das Escrituras à
sua criatura. A mensagem da Bíblia exige literalmente a comunicação entre a
natureza do homem e a auto-revelação de Deus por intermédio de sua Palavra. A
ânsia do homem de receber orientação para a sua existência fundamenta-se na
auto-revelação de Deus a ele através das Escrituras e em definitivo por
intermédio da pessoa de Jesus Cristo. A comunidade cristã tem na Bíblia a fonte
que, na linguagem dos homens, realmente revela o que o homem sabe com
referência à revelação de Deus e serve de instrumento fundamental por meio do
qual o seu propósito redentor para o homem se estabeleça.
Por conseguinte, a comunidade de
crentes tem o potencial de facilitar o encontro com Deus por meio da descoberta
da necessidade que o homem tem de ouvir
o evangelho e responder aos apelos desse evangelho. A igreja, resultado da
salvação divina do homem, é vinculada pelo Espírito de Deus e o comum acordo de
débitos. O papel principal da igreja é "manejar corretamente" as
Escrituras como oferta de redenção aos homens. Deus, por meio de seu povo
reunido em grupos educativos e disperso em testemunhos individuais, dá
oportunidade ao evangelho. Nos ministérios da pregação e da educação, a igreja
proclama o que Deus fez pelo homem através de sua auto-revelação em Jesus Cristo. Este
objetivo de auto-revelação se dirige a todos os homens. O emprego que Deus faz
da igreja para se revelar não se limita às reuniões coletivas. Mas Deus se faz
conhecer por meio de palavras e atos dos crentes, conduzidos pelo Espírito,
quando eles vivem uma vida de obediência, em todos os seus relacionamentos
pessoais.
O homem faz uma segunda descoberta: a existência que lhe é concedida é uma
existência moral-social. A aceitação deste conceito o faz examinar o centro
pessoal do individualismo e, ao mesmo tempo, o relacionamento dinâmico do
coletivismo além da esfera individual. Todo o mundo humano reflete as
responsabilidades sócio-pessoais do homem. A instituição e a convenção
preservadas para a transmissão da verdade e do valor tornam-se uma liberdade ou
restrição constante para o homem.
As reações podem tornar-se individualistas
ou coletivistas, dependendo dos relacionamentos interpessoais do homem. Quando
não existe uma ação aberta contra a esfera coletiva ou individual, o homem se
agrupa gregariamente. No entanto, dentro deste forte coletivismo, encontramos
uma individualidade criada por Deus e confirmada pela fé cristã, que permite a
liberdade individual dentro das limitações do coletivismo. Esta prática se
limita a um relacionamento privilegiado e protegido, comumente considerado
familiar ou de um pequeno círculo de amigos. O homem descobre esta prática
privilegiada quando participa pessoalmente do corpo coletivo - a igreja. Dentro
de suas limitações, ele pode assim praticar mais eficazmente a existência
humana moral-social centralizada em Cristo.
A terceira descoberta do homem é a
procura pelo permanente no processo da mudança. A imaginação do homem o leva a
ver que o potencial de tudo só se realiza parcialmente, quase sempre de modo
fragmentado. Sua percepção do mundo é incompleta. Esta consciência ajuda a desenvolver
os interesses religiosos do homem.
Como apreender a realidade quando
todas as suas representações são um misto de realidade e irrealidade? Existem
dois meios de se resolver a frustração entre o imutável e o mutável. Deve-se
chegar à conclusão, através da fé, de que Deus é um ser transcendente e não
sofre mudança. Deus é eterno e não sofre a ameaça da mudança nem está sujeito a
ela. Por conseguinte, a pessoa que participa do eterno com Deus não está
sujeita ao caráter transitório da experiência, mas firmada na imutabilidade de
Deus através da fé, e não pela experiência. Em segundo lugar, as frustrações do
homem são postas de lado quando ele descobre que Deus está em ação dentro da
mudança e em comunhão com ele no processo de união da mudança com a realidade
eterna, na qual ela se apóia. O homem quer participar responsavelmente da
criação e, por conseguinte, contribui para a mudança como agente ativo do
eterno.
O ato de Deus em Jesus Cristo
confronta o homem com uma decisão inevitável. A natureza desta decisão afeta as
situações da vida presente, bem como o ato de entregar-se, e também afeta a afirmação
contínua de filiação. Embora inúmeros fatores humanos estejam presentes no
encontro divino-humano, o homem é sempre livre para optar. A resposta negativa
provoca uma separação e alienação contínua, que termina eventualmente em morte. No entanto, uma
afirmação do arrependimento em fé e amor assegura a filiação, que inclui o
perdão, a aceitação e a misericórdia.
Quando ocorre esta experiência com o
Deus vivo, o homem se torna uma nova criação em Jesus Cristo. Começa
a plenitude de uma peregrinação filial, que surge na descoberta progressiva de
tudo o que Deus é e de como ele se revelará através do poder e da presença do
Espírito Santo. A partir daí, manifesta-se uma nova plenitude, sem omissões,
prometida por Deus e revelada em Jesus Cristo. Um novo senso de obediência aos
princípios de Cristo é descoberto, e uma nova liberdade de viver segundo estes
princípios é fornecida na liderança de Cristo. A aceitação de Jesus Cristo é a
aceitação de uma nova natureza, modificadora da vida e orientada para Deus.
O relacionamento pessoal contínuo com
Cristo, após a conversão, é um processo de amadurecimento espiritual. Este
processo se realiza por meio da obediência e da disciplina pessoais e através
da participação ativa na existência contínua da comunidade cristã reunida, a
igreja. O processo de crescimento em Cristo não é automático, mas antes uma
peregrinação contínua. Existem relacionamentos com Deus e com os irmãos crentes
que precisam ser cultivados. Embora os crentes provenham de muitas formações e
culturas diferentes, observa-se um senso de similitude na comunidade cristã,
que dá expressão às experiências coletiva e individual na vida mais abundante
que Cristo prometeu. O privilégio mais abençoado, contudo, é que o crente
descobre que sua experiência crescente com Deus, com Cristo e a comunidade
cristã satisfaz os mais ardentes anseios de sua alma.
Uma das atividades mais necessárias do
Filho de Deus é desenvolver uma filiação significativa com os seus irmãos
crentes na comunidade cristã. Não há como o crente viver isolado dos outros
crentes e continuar sendo um crente normal, em crescimento. Alguns
de seus relacionamentos mais significativos serão experimentados graças à sua
associação com os outros filhos de Deus. O crente, em virtude de sua
experiência de conversão, é um membro da família de Deus. O valor da comunhão
cristã é que ela dá assistência ao novo crente. Embora a comunhão cristã seja
uma experiência satisfatória para o crente, sempre há insatisfação, em muitos
sentidos, no mundo transitório. A promessa da esperança futura, tanto através
da Palavra quanto através da experiência da morte de irmãos crentes, produz um
desejo ardente de relacionamento eterno, que é mais importante do que o
relacionamento terreno. A resposta ao dilema está na afirmação da conquista e
no triunfo do Senhor Jesus Cristo sobre o mundo atual e sua degradação. A
esperança da vida eterna e do triunfo do reino de Deus dá segurança ao crente.
Ser um herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo é descobrir um relacionamento
de significação eterna. Há poder na fé vencedora, que será, finalmente,
consumada por meio da esperança gloriosa. Embora o crente não conheça
totalmente o futuro ou a realização plena de sua esperança, ele tem a serena
certeza de que será semelhante a Cristo, pois o verá como é e viverá em
perfeita harmonia e comunhão com ele eternamente.
2. Teologia Prática: A Necessidade
Fundamental da Educação Religiosa
A teologia que encontra expressão na
vida é a meta e a necessidade fundamental da Educação Religiosa.
1. O Conceito do Ensino como Teologia
Prática - O conceito
do ensino como teologia prática implica que o homem é educável e que, por meio
do processo da instrução dada por outros crentes, tem a possibilidade de reagir
à vocação recém-descoberta como filho de Deus. A questão de tornar-se filho
fiel, com um estilo de vida que reflete as promessas de Deus, significa um
crescimento ou processo de maturação. O convite de Deus ao cristianismo não é
um convite comum; exige que o crente submeta todo o seu ser e potencialidades à
vontade de Deus, cumprindo a sua mordomia em todos os domínios de sua vida. O
homem que atende ao convite de Deus não precisa de outra razão para crescer
senão o imperativo: "Sê perfeito
como eu". Só este propósito provê o conceito da educação como teologia
prática.
O significado e a experiência do
discipulado podem ser desenvolvidos em diversos aspectos da teologia prática.
Estas variações se apresentam ao crente em termos de responsabilidade moral,
relacionamentos do crente, envolvimentos econômicos, finalidade e razão da
obediência, implicações sociais propositais, exames de alternativas e a
aceitação das conseqüências. Através da participação nestas áreas
importantíssimas, o cristão pode interagir com o lado realista de sua vocação
recém-adquirida e assim praticar a teologia, que é o âmago de sua vivência como
nova criatura e filho de Deus.
2. O Contexto do Ensino na Igreja
Local - A tradição
cristã da instrução tenta tornar-se competente por meio da ajuda e da
experiência dos outros crentes. O discipulado é o contexto instrucional
necessário na igreja local. O discípulo deve tornar-se igual ao professor. O
professor, por sua vez, deve passar ao discípulo a guarda e a proclamação da
mensagem. A descrição da vida cristã como discipulado indica um relacionamento
semelhante com Jesus Cristo. Este relacionamento é aprendido por meio da
orientação do Espírito Santo e da instrução dada por professores fiéis.
O discipulado do cristianismo moderno
é um relacionamento definido como o de um filho diretamente com Deus, através
do compromisso com Jesus Cristo como Salvador e Senhor. Existe também um
relacionamento prático do aprendizado e obediência na comunidade cristã, a
igreja. Esta fornece a disciplina e o apoio ao processo de aprendizado e
obediência, para que o crente possa refinar, definir e esclarecer o objetivo
com que se comprometeu. A redefinição e o esclarecimento resultantes da
instrução na igreja ajudam o crente a empregar suas energias em atividades
produtivas, semelhantes às de Cristo. O discípulo, em relação a seus outros
irmãos crentes, é corrigido e corrige a comunidade cristã de que faz parte
ativa e vital.
A comunidade cristã proporciona o
ímpeto rumo ao crescimento contínuo do discípulo. A sede de buscar e ouvir as
verdades profundas da Bíblia aumenta por meio do envolvimento pelo compromisso
na comunidade cristã. A prática incentivada da oração, do culto e da reflexão,
tão necessários ao crescimento espiritual, centraliza-se na comunidade e em
suas respectivas reuniões. O crente que procura verdadeiramente se preparar apreciará
as correções mútuas e as restrições entre os crentes da comunidade. Da mesma
forma, a comunidade oferecerá atividades de responsabilidade que permitem ao
crente demonstrar a liberdade da vida em Cristo. O contexto propicia o culto público e
privado, o estudo, as devoções, o testemunho do evangelho, a compreensão do
mundo secular, o amor por um mundo perdido e atividades de apoio para a
família, a comunidade e a vida nacional.
3. O Compromisso com o Ensino da Fé
Cristã - O
compromisso básico do crente é o interesse pela fé cristã, na expansão e
ampliação do reino de Deus. O reino de Deus é uma representação bíblica que
reconhece a soberania de Deus e interpreta para o crente a modalidade de
conduta e estilo de vida, necessários à vida dentro do reino. O supremo
compromisso a ser articulado a cada discípulo é a aceitação de que a vida deve
ser conduzida pelos propósitos do reino de Deus. O crente deve, continuamente,
tomar decisões no tocante ao seu apoio, à rejeição ou acomodação à ordem
existente. O crente está sempre enfrentando um sucesso parcial ou um fracasso
parcial. Não obstante, a promessa do reino, através da igreja, renova e reforma
toda a comunidade cristã. Através deste processo de renovação e reforma, a
igreja se compromete com o reino e, pela perda de sua vida, a salva.
O compromisso com o reino deve
instruir o crente a viver no reino de Deus ainda que permanecendo neste mundo.
O reconhecimento desta cidadania espiritual dá testemunho da realidade do reino
e torna esta realidade mais evidente. Deus trouxe o reino, e o homem é
convidado a entrar nele e a viver o mais harmoniosamente possível nesse reino.
A entrada no reino de Deus é
demonstrada por meio da vida e da obra do discípulo alistado. Os crentes
reunidos por meio do culto, do estudo, do arrependimento, da busca do perdão e
do louvor e adoração estão preparados para retornar às suas tarefas diárias com
um renovado compromisso e a resolução de viver como seguidores de Cristo. A
igreja é o símbolo principal do reino. Ela vive pelo seu discipulado , através
dos discípulos individualmente comprometidos, que, por palavras e atos,
continuamente abrem o caminho para a verdade salvadora através de Cristo. A
instrução para o comprometimento continua como a pedra fundamental da fé
cristã.
3. Ministério Pessoal: A Evidência
Suprema da Educação Religiosa
O envolvimento dos cristãos no avanço
do ministério de Cristo e na missão da igreja é a evidência suprema da Educação
Religiosa eficiente.
A nova pessoa em Cristo se entrega a
um novo tipo de servidão, a um sacerdócio de servidão. Ela se oferece como
serva e descobre uma liberdade nunca antes conhecida em sua vida; começa a
descobrir deveres e responsabilidades, na liberdade recém-conquistada, que
devem ser executados em favor dos homens, por amor a Cristo. Reconhecendo que o
Senhor "não veio para ser servido,
mas para servir" (Mt 20.28), o cristão descobre que o Senhor de sua
vida está atuando ativamente dentro dele, num empenho de transformar a parte da
sociedade que lhe toca.
Existe uma outra descoberta neste
sacerdócio. O cristão passa a compreender que a nova vida que lhe foi dada deve
ser compartilhada com as pessoas ao seu redor e que, em compartilhar essa vida,
ele realiza sua potencialidade total como filho de Deus. Ele está livre para
viver e servir ao próximo em dedicação total. Este serviço é um sacerdócio dado
por Cristo e desenvolve sua vida mais consistentemente como filho de Deus.
O conceito do sacerdócio do cristão
envolve o direito de cada indivíduo de se apropriar da mensagem de perdão do
pecado proclamada no evangelho e a igual responsabilidade de dar testemunho a
outros acerca da disponibilidade da salvação. É fato bíblico que cada parte do
corpo de Cristo tem função distinta e que cada cristão tem uma obra responsável
na missão e na vida da igreja. A descoberta do que pode ser essa obra para cada
membro é tarefa que a igreja deve criteriosamente identificar. A igreja está
organizada de tal modo que uma estrutura de participação máxima na missão da
igreja é incentivada na vida de cada membro. Este ímpeto assegura o incentivo e
a realização do homem quando ele aceita a missão da igreja e se torna
participante ativo desta missão.
3. O Avanço do Ministério por Parte de
Cada Crente - A
preocupação principal da igreja é ensinar para enriquecer as vidas e
principalmente equipar o crente no avanço de seu ministério no mundo. Todo membro
da igreja tem um lugar de responsabilidade no ministério total da igreja. A
verdade é que cada crente é um ministro de Cristo e, no conceito do sacerdócio
do crente, está encarregado de realizar um ministério ativo e eficiente no
interesse do Senhor. A esperança do reino está na igreja, que coloca uma grande
ênfase na investigação e descoberta de pessoas que queiram aceitar a carga de
uma tarefa do ministério. A igreja deve ser criteriosa em transmitir aos
membros um discernimento vital do significado da missão e da necessidade de
envolvimento pessoal nessa missão.
Para que a igreja realize o seu
ministério, todos os membros devem aceitar a responsabilidade de ser ministros
de Cristo e participar do treinamento e da orientação que a igreja oferece para
facilitar a realização eficiente da obra. À luz deste fato, a igreja deve
realizar programas avaliatórios de ministério eficiente para reestudar as
diversas formas de ministério. Esses estudos devem fornecer informações sobre a
oportunidade da abertura de novas perspectivas de ministério para indivíduos e
grupos. Quando a igreja oferece estas oportunidades de ministério e os membros
lhe fazem jus, ela, em conseqüência, abençoa, fortalece e afirma a filiação e a
"família de Deus". A família agora se torna amparadora, ajudando a
todos no mundo. A igreja, então, se torna, através dos crentes, uma
participante ativa no reino e se move continuamente rumo à consumação dos fiéis
e à apresentação do reino de Deus em sua realidade, não em metáfora.
4. O Padrão Bíblico de Nossos Dias
Examinaremos algumas passagens
bíblicas que falam do ensino espiritual e que nos ajudarão a pensar mais
claramente sobre o modo como Deus quer que façamos a educação teológica. Em
seguida, sugerimos algumas de suas implicações para a função educacional da
igreja.
Muitas passagens bíblicas nos podem
ajudar na elaboração de uma teologia da Educação Religiosa. Sem a pretensão de
esgotar o assunto, três trechos serão estudados com algum detalhe: um do Antigo
Testamento, um dos Evangelhos e um das Epístolas de Paulo.
1. Deuteronômio 6.4-9 - Os hebreus chamavam esta passagem de
Shemá, a primeira palavra de sua confissão de fé. Se os judeus tivessem de
escolher a passagem mais importante dos livros da lei, provavelmente a escolha
recairia sobre este texto. Estas palavras indicaram como transmitir a seus
filhos e às gerações posteriores o que Jeová havia feito por eles. Neste
sentido, o Shemá foi a base do sistema educacional dos hebreus/judeus, o povo
escolhido de Deus.
A ordem aqui dada aos hebreus de
passar os preceitos de Deus a seus filhos chegou num momento crítico da
história do povo de Israel. Moisés, o líder dos hebreus naquela época, que
recebia revelações e palavras diretamente de Jeová, que conheceu pessoalmente
Jeová numa sarça ardente e que recebeu os mandamentos de Deus para seu povo em
contato quase direto com Deus, esse mesmo Moisés, que foi a figura principal
das narrativas encontradas nos livros de Êxodo, Levítico, Números e ao fim do Deuteronômio
morreria. O povo então precisava de uma forma de preservar seu passado
histórico sagrado. O povo precisava de uma forma para transmitir sua fé, de
transmitir a seus filhos a Palavra de Deus, os mandamentos, as leis e os
princípios que transformassem suas vidas.
Foram palavras ditas a Israel, o povo
de Deus. Nelas encontramos, portanto, princípios e direção para a Educação
Religiosa a função educacional do novo povo de Deus - a igreja. No Shemá
encontramos uma prefiguração da metodologia usada por Jesus no seu trato com as
pessoas e seu compromisso com o Pai para transformar as vidas de seus
seguidores.
Larry Richards, em seu livro A
Theology of Christian Education ("Teologia da Educação Religiosa"),
sugere e desenvolve três princípios que formam a base do ensino ao povo de
Israel, conforme o texto em foco, e aponta paralelos na Educação Religiosa.
Apresentaremos agora tais princípios e, ao final, nós iremos nos ocupar de seus
paralelos.
Em primeiro lugar, os versículos 3-6
desta passagem chamam a atenção para a
figura do mestre. Quem ensina deve ter uma relação de amor pessoal com Deus.
Além disso, esse amor terá que revelar-se e cumprir-se na interiorização da
Palavra de Deus ("estas palavras (....)
estarão em teu coração").
Em segundo lugar, o Shemá ensinou aos
israelitas que a educação religiosa se transmite no lar, de pais a filhos, ou
seja, a transmissão eficaz da fé, das verdades divinas ocorre num ambiente
familiar, onde geralmente há estabilidade, amor, intimidade e o compartilhar
variável, mas estreitamente entrosado de seus componentes. O quadro que o Shemá
nos apresenta é o de edificação dentro de relações interpessoais saudáveis.
Em terceiro lugar, os versículos 7-9
indicam que o ensino se realiza no contexto da vida. O uso da mezuzá foi
o cumprimento da ordem contida no versículo 9. Apesar de os israelitas haverem
tomado esses mandamentos literalmente, qual era o seu significado? É que na
vida do indivíduo deve existir evidência da lei em seu coração, e ele deve
aproveitar toda oportunidade para ensinar as verdades divinas. O Shemá ensina que a instrução do povo de
Deus nas verdades divinas se faz de três maneiras principais: com um modelo ou
exemplo, com relações interpessoais e dentro do contexto da vida.
2. Lucas 6.40 - Em sua versão do Sermão do Monte,
Lucas apresenta aos ouvintes princípios de um sistema de valores radicalmente
diferente dos valores do mundo. Lucas começa com as bem-aventuranças, no
versículo 20, e prossegue descrevendo a vida do súdito do reino, de modo
semelhante ao de Mateus. A partir do versículo 38, Jesus está falando da
responsabilidade que tem o discípulo de fazer outros discípulos. Com tal
responsabilidade, é de suma importância que o súdito do reino viva
corretamente, de acordo com valores elevados. Para realçar a importância do
viver correto, Jesus usa três metáforas: um cego não guia outro cego, um
discípulo não é maior do que seu mestre, e o contraste entre a trave e o
argueiro.
O objetivo de um discípulo no tempo do
ministério terreno de Jesus era ser como seu mestre. A palavra que corresponde
a "instruído" ou "aperfeiçoado", em grego, significa
"ser remendado" algo que está quebrado ou rasgado, sejam redes, sejam
animais ou homens. Aqui temos, pois, a figura de um processo de consertar um
homem quebrantado, isto é, fazer crescer e amadurecer uma pessoa que até então
havia sido mera criatura de Deus, para que se torne um verdadeiro filho de
Deus, vivendo de acordo com os princípios que Jesus apresentou como
características do súdito do reino. Esta maturidade se realiza na medida em que
alguém segue seu mestre, e a pessoa, por sua vez, já deve demonstrar as
características de súdito do reino de Deus.
Assim sendo, o
versículo 40 deve abalar nossa compreensão obtusa da função educacional da
igreja. Na nossa compreensão existe a firme convicção de que nesse versículo
Deus nos quer dizer algo muito importante quanto ao modo como seu povo deve ser
educado. É uma compreensão que pode ser revolucionária para nossos programas
acomodados de educação. O texto nos passa três lições que nos ajudam em nossa
busca de uma teologia da educação: aquele que segue a Cristo deve ter por
objetivo ser como ele foi; as pessoas a quem Deus conferiu
a responsabilidade de guiar, instruir e discipular devem ser imitadoras de
Cristo, vivendo com elevados princípios e maturidade espiritual, porque os seus
discípulos ou alunos têm também o objetivo de ser iguais ao instrutor ou
professor; a idéia de que o objetivo da educação do povo de Deus é apresentar
dados e instrução cognitiva sobre Deus é um conceito incompleto e inadequado,
do ponto de vista bíblico.
Essas três idéias
podem ser resumidas observando-se as palavras do versículo 40: "será como". Note-se que o texto não
diz: "saberá o que o seu mestre sabe",
mas "será como o seu mestre".
Que responsabilidade para aquele a quem Deus colocou como mestre diante de seu
povo!
3. Efésios 4.12
- Este versículo se encontra no contexto de uma das discussões de Paulo
acerca da diversidade de dons dentro do corpo de Cristo, que resulta na
unificação do corpo. Depois de mencionar alguns ministérios ou dons na igreja,
Paulo diz que o propósito da existência de tais ofícios é "o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo", isto é, as
responsabilidades daqueles que instruem o povo de Deus na igreja, através da
pregação, da interpretação da vontade de Deus, do ministério pastoral e do
ensino espiritual, fazem parte de um processo evolutivo visando à maturidade do
povo de Deus.
A palavra
"aperfeiçoar", aqui, tem a mesma raiz da palavra usada para
"remendar", que vimos em Lucas 6.40. Parece, portanto, que Paulo está
dizendo à igreja em Éfeso que o propósito desses dons, assim como a
responsabilidade dessas pessoas, é guiar o povo de Deus em um processo de
preparação para a sua utilização no ministério (serviço) da igreja, para que
esta seja edificada, reforçada, amadurecida.
Dois aspectos interessantes que queremos enfatizar nesta
passagem:
Um é que Paulo parece estar falando de uma edificação do
corpo dentro do corpo, como forma de desenvolvimento interno através do qual a
igreja amadurece.
O outro é que no contexto desta passagem encontramos a
organização da igreja primitiva, que abrange ofícios diversos para diferentes
responsabilidades, cada um dos quais contribuindo para a edificação da igreja.
Tal organização nos dá a entender que Deus aprova, se é que não ordena, um
sistema organizado e ordenado, segundo as indicações do Espírito Santo, para
efetuar a instrução de seu povo. Vejamos, a seguir, algumas das conseqüências
de tal pensamento para nossa teologia da educação.
Destas passagens,
extraímos alguns pensamentos que nos ajudam a começar a formular uma teologia
da Educação Religiosa. Havemos de convir que uma teologia baseada apenas em
três passagens bíblicas será parcial, mas oferece a base suficiente para uma
elaboração maior. Uma teologia da educação não deve ser estática, mas sempre
dinâmica, em busca de novas formas de expressão. Vamos analisá-las, a
seguir, sob os
seguintes aspectos: modelo ou
exemplo; relações interpessoais; contextualização; discipulado e organização.
a. Modelo ou
exemplo - Como vimos em nosso estudo do Shemá, Deus quer que um pai seja bom exemplo
para seu filho. De igual modo, a pessoa de maior fé deve ser um bom modelo para
aquela de menor fé. Para que a igreja possa crescer, é necessário ter a Palavra
em seu coração e viver a Palavra.
A educação na
igreja se realiza, pelo menos, em dois níveis: a educação formal, através da
escola dominical, escola de treinamento, sociedades missionárias, estudos
bíblicos etc; e a educação informal, que se realiza toda vez que nos reunimos
no templo ou fora do templo. Quando uma pessoa conhece a Cristo, e assiste aos
cultos, e se batiza, para fazer parte da família cristã, como é que aprende em
quem deve crer, como deve agir, viver, cultuar? Na educação formal, é verdade.
No entanto, mais do que isso, ela aprende com os demais crentes com os quais
mantém contato. Os outros cristãos, mais amadurecidos (teoricamente) do que
essa pessoa, servem-lhe de modelo.
A paráfrase de
uma afirmação de Richards chama nossa atenção para esta responsabilidade: na
educação ensinamos o que sabemos, mas, na Educação Religiosa, ensinamos o que somos. Todo educador
religioso, todo pastor, enfim, todo cristão deve examinar sua vida e perguntar:
"Quero eu, tal como sou, ser modelo para aqueles que minha igreja espera
ganhar para Cristo?" Ou: "Posso eu, tal como sou, ser um exemplo
digno para minha congregação ou minha classe?"
O processo de
ensino empregado por Jesus baseava-se em seu conceito de ser modelo para os
seus discípulos. Jesus disciplinava seus seguidores ensinando-os com sua
própria vida. Ele disse: "Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu vos
fiz, façais vós também" (Jo 13.15).
b. Relações
interpessoais - O quadro didático entre pais e filhos, apresentado no
Shemá, é de estabilidade, amor e intimidade. Este mesmo ambiente familiar deve
existir na igreja enquanto desempenha sua função educativa. Devemos promover,
estimular e apoiar a Educação Religiosa no lar e, ao mesmo tempo, com a ajuda
do Espírito Santo, criar um ambiente familiar dentro das atividades
educacionais da igreja. Qualquer outro tipo de educação pode ser eficaz sem
amor, mas, no caso da Educação Religiosa, isso não é possível.
Deus nos indica
de forma direta, através do Shemá, que os pais têm a responsabilidade de
ensinar os preceitos divinos a seus filhos. A educação familiar não é um ramo
da educação espiritual separado da igreja. É, isto sim, parte integral da
função educativa da igreja, porque, se
não existe no lar uma relação de amor que edifique a família cristã, seus
efeitos se farão sentir em toda a vida da igreja. O culto (ou o devocional)
doméstico pode afetar profundamente o nível espiritual da igreja.
Os que ocupam
lugares específicos de responsabilidade na educação formal da igreja devem
conhecer seus alunos para que se estabeleça um clima familiar em sua classe.
Eles devem visitá-los em seus lares, saber os seus nomes, orar por eles,
conhecer seus familiares e as circunstâncias de sua vida diária, para que estes
conhecimentos os ajudem a estabelecer um ambiente familiar em sua classe
dominical.
Jesus alcançou
êxito em seu ministério porque mantinha íntimo relacionamento com seus
discípulos. Andava com eles, comia com eles, orava com eles; pregava, chorava,
alegrava-se e falava do futuro com eles. E difícil imaginar que os discípulos
não sentissem uma irmandade, um ambiente familiar em suas relações
interpessoais com Jesus como Mestre.
c.
Contextualização - Os judeus tomavam os mandamentos do Shemá literalmente.
Levavam as palavras de Deuteronômio 6.5 em filactérios (significado no
glossário), nos braços e na testa. O uso da mezuzá foi também forma literal de
obediência ao mandamento. A curiosidade das crianças em observar diariamente o
ritual relacionado com a mezuzá dava aos pais a oportunidade perfeita de
ensinar aos filhos a lei de Deus.
A significação
destes atos deve ser tão real para a igreja como era a interpretação literal
que lhe davam os judeus. Deve haver na igreja uma evidência da realidade das
verdades espirituais e da bondade de Deus que penetre em todas as esferas de
sua vida. A igreja tem a função de ensinar a Palavra, mas este ensino não deve
ser isolado da vida. Não é algo que se limite a uma hora de aula, numa
dependência do templo, a cada domingo. É parte integrante da vida e deve
adentrar cada aspecto da vida da igreja. Mas a palavra "igreja" não é
usada aqui apenas no sentido de vida institucional, constituída de uma
programação ministerial e educacional. Mais do que isso, refere-se ao que nós,
a igreja, nós, o povo de Deus, o corpo de Cristo, fazemos no templo e também o
que nós, a igreja, o povo de Deus, o corpo de Cristo, fazemos fora do templo. A
igreja deve aproveitar todas as oportunidades que lhe são oferecidas no
contexto de sua vida de igreja (em todos os sentidos) para ensinar as verdades
de Deus.
d. Discipulado - A palavra
"discipulado" tornou-se parte do vocabulário de muitas igrejas
evangélicas na América Latina nos últimos anos, principalmente devido a obras
como Segue-me, de Ralph Neighbour, e outras. É uma palavra muito importante,
pelo simples fato de representar um conceito inevitável para a igreja, que tem
de encontrar a maneira mais bíblica de reproduzir-se educacional e evangelisticamente.
A passagem
representativa que estudamos antes (Lc 6.40) nos ensina que o princípio
implícito no conceito de discipulado é que o seguidor (o aluno) chegue a ser
como o líder (o mestre). É fundamental para nossa teologia da Educação Religiosa entender este princípio em seu sentido
duplo. Por um lado, para que o aluno possa vir a ser
como seu mestre, deve
ter a oportunidade de conhecê-lo bem, num relacionamento interpessoal, estreito, no
contexto da comunidade de fé e em sua extensão ao mundo. A igreja terá de criar
circunstâncias, ambiente e motivação para incentivar o aluno em sua
peregrinação rumo ao alvo de tornar-se como seu mestre. Naturalmente, todos nós
aspiramos vir a ser como o Mestre, Jesus Cristo. Mas, em Lc 6.40, Jesus está
falando também de mestres terrenos. Quando Paulo discipulava Timóteo, ele
próprio, Paulo, embora seguidor de Cristo, deu a Timóteo o exemplo para sua
formação na fé e no ministério. Paulo exortava e motivava Timóteo,
constantemente, no sentido de observar seu exemplo pessoal e por este aprender.
Esta luta
contínua por parte do aluno indica, como conseqüência natural, o outro sentido
do princípio do discipulado. E que o mestre deve ser um exemplo digno de ser
seguido. Nossa teologia da Educação Religiosa deve incluir a compreensão de
que, se buscarmos na Bíblia os preceitos sobre os quais basearemos nosso
ensinamento, vamos verificar que o mestre cristão tem a responsabilidade de
ensinar seus alunos a seguir seu próprio exemplo como cristão. "Muito da educação consiste em ajudar as
pessoas a saberem o que os seus mestres sabem. A Educação Religiosa consiste em
ajudar as pessoas a ser o que seus mestres são" (Lawrence O Richards).
Se nosso
propósito na igreja como educadores cristãos, seja como pastores, seja como
mestres, ou em outra qualquer função, é levar as pessoas a serem como nós
somos, que grande parâmetro, este, para o nosso próprio andar no Senhor! A
igreja que levar a sério tal princípio, como parte de sua teologia da educação,
estará atingindo uma profundidade em suas atividades educacionais que se
aproxima do padrão que Jesus deixou para a igreja. E um padrão de santidade em
que aquele que ensina compartilha santidade com outros na comunidade de fé,
através do intercâmbio de idéias, conhecimentos e compreensões, que obteve pela
experiência de viver na Palavra e em viver a Palavra. A igreja que cumpre sua
função educacional dessa maneira supera a mentalidade de que a educação se faz
somente aos domingos de manhã.
e. Organização - Alguns cristãos
evangélicos acham que não há necessidade de um programa educacional organizado.
Mas, se uma teologia da Educação Religiosa não incluir a necessidade de
organização ou sistematização, teríamos que suprimir algumas passagens
bíblicas, como Efésios 4.12, por exemplo: "Tendo
em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para
edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do
pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da
estatura da plenitude de Cristo; para que não mais sejamos meninos,
inconstantes, levados ao redor por todo vento de doutrina, pela fraudulência
dos homens, pela astúcia tendente à maquinação do erro; antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos
em tudo naquele que é a cabeça, Cristo".
Sabemos, por
experiência, que, quando algo é organizado, a probabilidade de êxito é maior.
Isso é verdade no mundo comercial, é uma norma pedagógica, e o próprio Deus
providenciou um sistema organizado para o funcionamento da igreja.
Se o princípio de
organização é bíblico, não temos que lutar contra ele. Devemos usar a
organização como meio de tornar mais fácil e eficiente a função educacional da
igreja. A organização, de nenhuma forma, substitui a obra do Espírito Santo em
mudar as atitudes e influenciar os pensamentos dos homens. Além disso, o
Espírito Santo nos toca mais facilmente quando tudo está em ordem e nosso
espírito e mente não ficam distraídos pela desordem que prevalece em nossa
vida. Deixemos que a organização desempenhe seu papel na instrução do povo de
Deus e permitamos que o Espírito Santo use a organização como veículo através
do qual nos possa ensinar.
(Extraído com permissão do Módulo: Educação
Religiosa I (Bases e Fundamentos da Educação Religiosa) - STEID – Seminário Teológico Evangélico
Internacional a Distância)